Num esforço para mostrar “independência organizacional”, a criptomoeda Libra, que será lançada pelo Facebook, mudou de nome nesta terça-feira (1º) e agora se chama Diem. Com dificuldades para obter aprovações regulatórias, o projeto vem encolhendo seu escopo desde que foi anunciado pela primeira vez.

“A Diem Association continuará a missão de construir um sistema de pagamento seguro, protegido e compatível, que capacite pessoas e empresas em todo o mundo”, afirma o comunicado oficial. As mudanças ainda incluem a contratação de executivos “de classe mundial” para liderar a operadora de sistema de pagamento regulamentado.

Na semana passada, a criptomoeda alterou a forma como operaria de acordo com o planejamento original. A Libra não teria seu valor vinculado a uma única moeda, mas sim a uma “cesta” de moedas e outros investimentos, mas bancos centrais e agências reguladoras expressaram preocupação com esse modelo, alegando que ele concentra poder demais nas mãos do Facebook.

A empresa, então, decidiu tornar-se uma stablecoin – um tipo de criptomoeda cujo valor não flutua em relação a uma moeda comum. O dólar diem será inicialmente atrelado ao dólar norte-americano. A “carteira” para gerenciar a criptomoeda, que era chamada Calibra, foi renomeada para Novi, e funcionará por meio de um aplicativo próprio ou por apps como o Messenger e WhatsApp.

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Desconfiança das autoridades

“Os nomes originais eram vinculados a uma iteração inicial do projeto que teve uma recepção difícil dos reguladores. Mudamos dramaticamente essa proposição”, disse o CEO da Diem Association, Stuart Levey, à Reuters.

O Facebook espera que as pessoas usem o Novi para enviar dinheiro a parentes ou pagamentos interpessoais. “Estamos empenhados em promover a inclusão financeira – expandindo o acesso a quem mais precisa e, simultaneamente, protegendo a integridade do sistema financeiro ao dissuadir e detectar condutas ilícitas”, afirma Levey.

Preocupações não faltam. Em uma audiência no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Estados Unidos, no ano passado, os membros do Congresso expressaram desconfiança significativa no Facebook enquanto questionavam o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, sobre os objetivos do projeto.

A rede social, porém, é um dos membros da Diem Association, a organização sem fins lucrativos que servirá como autoridade monetária para a moeda. O grupo pretende chegar a 100 membros, que terão que desembolsar US$ 10 milhões para dar início ao projeto. Cada membro tem o mesmo voto na associação, que tem sede na Suíça.

Mas sete dos 28 membros fundadores originais desistiram antes da primeira reunião: PayPal, eBay, Stripe, Visa, Mastercard, Mercado Pago e Booking Holdings. Ainda fazem parte Lift, Shopify, Spotify, Uber e Coibase, entre outros.

Via: Reuters/CNet