A Procuradoria Geral do Texas, nos EUA, está processando o Google por um suposto acesso feito pela empresa a conversas e mídias trocadas por usuários do WhatsApp, graças a um acordo secreto firmado pela empresa de Mountain View com o Facebook pouco tempo depois deste último ter comprado o app de mensagens.

O Facebook adquiriu o WhatsApp em 2014, pelo valor de US$ 21,8 bilhões (R$ 110,73 bilhões, na conversão direta atualizada). A procuradoria do Texas afirma que essa parte é apenas uma extensão de um processo maior, movido pelo órgão contra o Google, acusando-o de práticas anticompetitivas no setor de publicidade digital.

Parte do documento processual da procuradoria do Texas, em ação judicial contra o Google por práticas anticompetitivas de publicidade. Imagem: The Verge/Reprodução

O processo em si é amplamente censurado por motivos de sigilo legal, porém a procuradoria afirma que as acusações são resultantes de meses de investigação e busca de evidências – embora nenhuma tenha sido publicamente divulgada.

Google e Facebook também não comentaram o assunto, citando o mesmo sigilo, porém negaram as acusações ao conversar com a mídia americana em caráter de anonimato.

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Caso difícil de ignorar

Isso deixa a análise da situação um pouco mais complicada: por um lado, o fato do documento acima estar marcado em partes de seu conteúdo implica que há muito do material que ainda não conhecemos. Por outro, todas as conversas e compartilhamentos de mídia do WhatsApp são criptografados de ponta a ponta, o que significa que nem mesmo o Facebook sabe do que se tratam as mensagens – ele apenas sabe que elas existem. Consequentemente, o Facebook dificilmente teria a capacidade de conceder ao Google um acesso que, em teoria, nem mesmo ele tem.

WhatsApp
Conversas do WhatsApp teriam sido acessadas pelo Google em acordo secreto com o Facebook, segundo promotoria dos EUA. Imagem: HaseHoch2/Shutterstock

A Procuradoria Geral do Texas afirma que tal acordo pode ser contemplado quando se analisa a questão dos arquivos de backup do WhatsApp, que podem ser salvos no Google Drive, o serviço de armazenamento de arquivos da empresa liderada por Sundar Pichai.

Embora uma análise simplista possa ver sentido nisso, o mesmo backup também pode ser armazenado, por exemplo, no iCloud para usuários do iPhone – e nem por isso a Apple sequer é mencionada no processo.

Um suposto acordo de bastidores entre duas grandes empresas parece algo saído de teorias da conspiração, mas o fato de ser uma acusação feita diretamente por um órgão de policiamento – como é a Procuradoria Geral do Texas – torna a situação muito aprofundada para ser ignorada. Até o momento, porém, o processo está em análise judicial e não tem prazo para seguir em frente ou ser descartado.

Fonte: The Verge