Shigeru Miyamoto, criador do “Super Mario”, é uma lenda no mercado dos videogames, mas mesmo ele passa por situações bastante irônicas: em entrevista ao New Yorker, o designer, programador e diretor da Nintendo admitiu que seus filhos se divertiam com jogos da Sega, enquanto as duas empresas simbolizavam a famigerada “guerra de consoles” dos anos 1990.

Miyamoto, que inventou franquias como “Super Mario“, “The Legend of Zelda“, “Donkey Kong” e “Star Fox”, faz pouco caso da situação, ressaltando que ele não sentia ciúmes pela atitude dos filhos: “não tanto enciumado quanto encorajado a me esforçar mais, para que eles passassem a preferir os jogos que eu fiz”, ele contou à revista americana.

imagem do shigeru miyamoto, criador do super mario, olhando para uma estatua com um videogame nas mãos
Shigeru Miyamoto: em meio às maiores criações da Nintendo – que ele assinou –, o designer de 68 anos teve que aturar seus filhos curtindo jogos da concorrente SEGA. Imagem: Javier Domínguez Ferreiro/Licenciada sob contrato CC BY-NC-SA 2.0

Shigeru Miyamoto é uma das figuras mais antigas e conhecidas da Nintendo. Ele ingressou à empresa em 1977, após desistir de tentar ser um “mangaka” (nome atribuído aos desenhistas de mangás) e desenvolver interesse nos videogames. Seu pai o ajudou a conseguir uma conversa com Hiroshi Yamauchi, então presidente da companhia.

Desde então, suas criações foram responsáveis por grande parte da empresa sediada em Quioto, com a revista Time referindo-se a ele como “o Steven Spielberg dos videogames” e “o pai dos jogos modernos”.

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Boa relação com os jogos

O criador do “Super Mario” explicou, na entrevista, que nunca teve dificuldades em controlar o ímpeto de seus filhos com os videogames. “Quando crianças, sentem que não conseguem parar de jogar por ser algo tão divertido – isso é algo com o qual eu simpatizo. É importante que os pais também joguem videogames, para entender o que leva uma criança a não parar até chegar no próximo ‘save point’. Falando dos meus filhos, eu tive sorte de que eles sempre tiveram uma ótima relação com os jogos. Nunca precisei restringi-los de nada ou tirar os jogos deles”, ele conta.

Muito disso, segundo ele, veio da disciplina que sempre pregou em sua casa. “É importante ressaltar que, na nossa casa, todos os videogames pertenciam a mim, e as crianças entendiam que estavam apenas pegando emprestado. Se eles não seguissem as regras, então havia o entendimento de que eu poderia simplesmente tirar a máquina deles. Então, quando fazia um tempo bom lá fora, eu os encorajava a brincar na rua.”

A entrevista com o New Yorker tocou em pontos interessantes, sobretudo como Miyamoto, hoje com 68 anos e, portanto, dentro do grupo de risco de infecção, vem lidando com a pandemia da Covid-19. Como o Japão não tem uma quarentena muito restrita, Miyamoto disse que está saindo aqui e ali, mas ele próprio é uma pessoa mais reclusiva, então tem ficado em casa.

O lendário designer compartilhou que recentemente tem se ocupado com o parque temático da Nintendo, uma construção em parceria com a Universal Studios. Miyamoto está atuando na parte criativa das atrações, então idas até o local são relativamente constantes. “Eu estou planejando as ofertas do parque e colocando os últimos retoques em tudo, juntamente do desenvolvimento de jogos mobile pela Nintendo, então estou testando muita coisa em casa aos finais de semana”, disse.

Fonte: New Yorker