A medicina e a biologia avançam a passos largos a cada nova descoberta, mas a ciência do corpo ainda guarda alguns mistérios. O cérebro humano, por exemplo, contém aproximadamente 86 bilhões de neurônios, entrelaçados por cerca de 100 trilhões de conexões, ou sinapses.

Cada uma dessas células tem uma função que nos ajuda a mover músculos, entender o que acontece à nossa volta, criar memórias e muito mais. Como esses neurônios trabalham em conjunto para formar pensamentos ainda é algo que os pesquisadores estão começando a entender.

Para ajudar nesse processo, cientistas da Universidade de Columbia desenvolveram uma técnica de coloração de células que permite a criação de um mapa colorido do cérebro, identificando cada célula nervosa. A pesquisa foi publicada na revista Cell.

A técnica, chamada de NeuroPAL (Neuronal Polychromatic Atlas of Landmarks) usa métodos genéticos para “pintar” neurônios com cores fluorescentes, ao mesmo tempo que registra todo o sistema nervoso em ação. “As imagens criadas são impressionantes – pontos coloridos brilhantes aparecem como luzes de Natal em uma noite escura”, afirma  o pesquisador do Howard Hughes Medical Institute, Oliver Hobert.

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Um verme C. elegans colorizado com a técnica NeuroPAL. A cabeça e a cauda estão se tocando no topo do círculo. Cada neurônio (os pontos coloridos) pode ser identificado por uma cor. Imagem: Eviatar Yemini/Divulgação

Os testes foram feitos em um Caenorhabditis elegans, um verme comumente usado em experimentos. “Usamos o NeuroPAL para registrar os padrões de atividade no cérebro do animal e decodificar o sistema nervoso em funcionamento”, explica Eviatar Yemini, pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Ciências Biológicas da Universidade de Columbia e principal autor do estudo.

As cores são pintadas no DNA do neurônio, e correspondem a genes específicos. A pigmentação pode ser usadas ainda para revelar se esses genes estão presentes ou não em uma célula. “Ser capaz de identificar neurônios, ou outros tipos de células, usando cores pode ajudar os cientistas a entender visualmente o papel de cada parte de um sistema biológico”, disse Yemini. “Isso significa que quando algo dá errado com o sistema, a técnica pode ajudar a identificar onde o colapso ocorreu”, completa.