Uma equipe internacional de pesquisadores dos EUA, Alemanha e Hong Kong usou dados do já “finado” radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, para descobrir um tipo estranho de “estrela-aranha” em nossa galáxia, que desafia a classificação atual.

As “estrelas-aranha” (spider stars) são um tipo de estrelas de nêutrons, ou pulsares, que agem como relógios no céu, completando uma rotação a cada 30 milissegundos e emitindo um “pulso” de energia a cada rotação. Elas são o núcleo comprimido de estrelas que no passado explodiram em uma supernova.

Elas comumente arrancam material de estrelas companheiras em órbitas binárias, e usam o impulso gerado pela “ingestão” do material para ganhar velocidade. Mas em casos raros e especiais, uma estrela de nêutrons tem órbita tão próxima de sua companheira binária que pulveriza sua superfície, ingerindo vastas quantidades de material como uma aranha viúva-negra desmembrando e devorando um companheiro.

radiotelescópio de Arecibo
Dados do “finado” radiotelescópio de Arecibo foram usados na pesquisa. Imagem: NSF / Governo dos EUA

Há dois tipos de “estrelas-aranha”: as que tem uma companheira com massa de menos de um décimo de nosso Sol (geralmente de 0.02 a 0.03 massas solares) são chamadas de “black widow” (viúva negra). Já as que tem companheiras maiores, com mais de um décimo da massa do Sol, são as “redbacks”, nome dado à viúva-negra australiana devido à listra vermelha em seu abdômen).

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Além do tamanho, há uma diferença no comportamento: as companheiras das redback geralmente passam entre a estrela-aranha e a Terra, criando eclipses temporários. Já as companheiras das black widow não fazem isso.

Mas a estrela híbrida encontrada pelos astrônomos é difícil de categorizar: sua companheira causa eclipses, como uma redback. Mas a massa estimada é de 0.055 vezes a massa do Sol, o que é pesado demais para uma black widow, mas leve demais para uma redback. Os mecanismos exatos do funcionamento deste sistema binário ainda são um mistério.

A pesquisa foi conduzida com dados coletados pelo radiotelescópio de Arecibo entre 2013 e 2018. Mas com seu colapso no início de dezembro futuras observações ficarão comprometidas. Um radiotelescópio comparável é o Radiotelescópio Esférico de 500 metros de Abertura (Fast), que recentemente foi aberto para pesquisadores do mundo todo.

Fonte: Phys.org