Após polêmica na quarta-feira (21), o Ministério da Saúde tirou do ar o TrateCov, o app desenvolvido criado para orientar médicos para oferecer o tratamento precoce com o chamado “Kit Covid”. Os testes demonstraram que a ferramenta recomendava os medicamentos com ineficácia comprovada contra a doença para qualquer combinação de dois sintomas, mesmo aqueles que não são diretamente associados a Covid-19, como dores nas costas.

Apesar de a ferramenta ser voltadas a médicos, qualquer um poderia simular uma consulta com o aplicativo TrateCov, o que fez com que vários testes fossem publicados no Twitter ao longo da quarta-feira. Em simulação, o app recomendava basicamente a mesma receita para qualquer um, mesmo se os dados inseridos na plataforma fossem referentes a um bebê recém-nascido, um adulto saudável ou um idoso com múltiplas morbidades.

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Antes de sair do ar, no entanto, o aplicativo passou por algumas atualizações. O aplicativo TrateCov passou a entender que crianças de 12 anos ou menos não se aplicam ao protocolo, mas ainda recomendava o mesmo tratamento.

Pelo código-fonte da plataforma, o sistema estava configurado para recomendar o tratamento com o coquetel do “Kit Covid”, composto por dois antibióticos, um vermífugo e antimaláricos sempre que for selecionada a opção de tratamento precoce.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) chegou a emitir um comunicado apontando o que entendia como “inconsistências” na plataforma. Para o CFM, o TrateCov:

  • Não preserva adequadamente o sigilo das informações;
  • Permite seu preenchimento por profissionais não médicos;
  • Assegura a validação científica a drogas que não contam com esse reconhecimento internacional;
  • Induz à automedicação e à interferência na autonomia dos médicos;
  • Não deixa claro, em nenhum momento, a finalidade do uso dos dados preenchidos pelos médicos assistentes.

Segundo o Estadão, o Ministério da Saúde começou a testar o aplicativo TrateCov em Manaus, com 340 profissionais de saúde que já estão cadastrados, com a perspectiva de expandir seu uso para outras regiões do Brasil.

Quando o médico marcava que não recomendaria o tratamento precoce com o kit covid sugerido pelo sistema ao paciente, ele também precisava indicar uma justificativa para isso no aplicativo TrateCov. Entre as disponíveis no sistema estão a recusa do paciente ou indisponibilidade dos medicamentos.

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