Quando foi anunciado, ‘The Medium’ tinha a promessa de utilizar todo o potencial dos SSDs da geração Xbox Series. Isso porque o game conta com um sistema de dois mundos, que rodam simultaneamente durante a jogatina.  

No entanto, felizmente, o game é muito mais que isso. Aqui temos um exemplar bastante consistente de um game next-gen, bem como uma verdadeira homenagem e um retorno às raízes dos survival horror clássicos – os fãs da trilogia original de ‘Resident Evil’ logo notarão as semelhanças.  

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“The Medium”: história 

No game, controlamos Marianne, uma médium que, desde que se entende por gente, consegue transitar entre o mundo real e o espiritual – lugar como um limbo, um limiar entre a vida e a morte.  

Isso faz com que a personagem considere essa sua habilidade uma maldição – que, além de atormentá-la, faz com que suas famílias adotivas não fiquem muito tempo com ela, já que a consideram uma menina problemática.   

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Marianne foi uma criança que sofreu antes de encontrar quem a adotasse

Eis que, um dia, após perder as esperanças, Marianne é adotada por Jack, dono de uma funerária, que vê a habilidade da garota como um presente. Desde então, a moça ajuda seu adotante nos serviços do local.  

Um dia, Jack falece e Marianne é a responsável por preparar o corpo para o funeral. A situação não é nada fácil para a moça – e o momento é responsável por uma das primeiras partes tensas do jogo.  

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Ambientes escuros e sombrios fazem parte da aventura

Pouco depois, ela recebe a ligação de um homem misterioso, falando sobre seu dom e que ela deve ir até um local chamado Hotel Niwa, onde ocorreu um massacre há alguns anos.  

A personagem, perdida pela morte de seu pai, decide embarcar nessa jornada e tentar entender qual sua possível ligação com o misterioso local, já que a menção do nome desencadeou uma série de sensações até então desconhecidas .  

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‘The Medium’ é um game que foca bastante em sua história. Por isso, apesar da premissa parecer simples e linear, o título ganha camadas de profundidade com a presença de diversos documentos e itens que podem ser coletados.  

Todos eles apresentam um pouco da história do local e das pessoas que estiveram por ali em alguma ocasião, ajudando na imersão do jogador e permitindo que a trama seja contada aos poucos.  

Dualidade entre mundos é um dos destaques

Além disso, há espaço pra diversos mistérios, principalmente depois que Marianne descobre que não está sozinha no hotel. Há almas que não fizeram a passagem total para o mundo dos mortos e outras criaturas igualmente assustadoras.  

Um destaque aqui fica por conta das perseguições dos monstros. É simplesmente desesperador saber que há uma criatura atrás de nós. Esses momentos são alguns dos mais intensos – juntamente com os encontros com algumas almas e documentos que explicam a história de Marianne, revelando informações assustadoras.  

Inspirações  

Como citado, o game possui grande inspiração nos jogos da série ‘Resident Evil’, mais precisamente na trilogia original. No entanto, é impossível não notar coisas parecidas com as vistas em ‘Silent Hill’ – principalmente a ambientação sombria e as criaturas estranhas.  

Outro detalhe que podemos afirmar que é uma herança dos irmãos maiores é a câmera. Aqui, o usuário não tem controle algum sobre ela. De acordo com a movimentação, o enquadramento muda ou acompanha o jogador enquanto ele anda, fazendo com que o segundo analógico fique quase inutilizado.  

Câmeras com ângulos dramáticos são constantes no game

E isso é um trunfo do game. A câmera com ângulos dramáticos e que focalizam o local certo causa impacto a todo momento. Apesar de sustos pouco constantes, a atmosfera de tensão é elevada à máxima potência graças aos ângulos.  

É bastante normal que, enquanto o jogador anda por uma local aberto, como uma floresta, a visão fica longe, justamente para que a paisagem seja contemplada – e a sensação de solidão elevada.  

Jogar ao mesmo tempo em duas realidades é parte da experiência

Em locais apertados, a câmera fica mais próxima de Marianne, por isso, há o medo constante a cada corredor novo ou porta aberta.  

Há também inspirações mais modernas, como em games do estilo ‘Outlast’ e ‘Little Nightmares’ em que se esconder é essencial, principalmente quando somos apresentados ao vilão Maw, que consegue “passear” entre as duas realidades. Por isso, usar objetos do cenário para passar despercebido por ele é a melhor opção.  

Mecânicas 

Apesar de não possuir armas para lutar diretamente contra os inimigos, Marianne possui algumas habilidades que ajudam em sua sobrevivência. A principal habilidade, como já citada, é a de transitar entre os mundos.  

No início, o usuário é colocado ao mesmo tempo em ambas as realidades. Com isso, o jogador tem que ficar atento ao caminho tomado nas duas para encontrar itens que o ajudem a continuar. No entanto, em certo momento, Marianne descobre que consegue trocar totalmente de mundo através de espelhos distribuídos pelo cenário.  

Para trocar de mundos, Marianne usa espelhos espalhados pelo game

Isso é essencial para resolver alguns puzzles e passar por salas trancadas, por exemplo. É um ótimo uso da questão das realidades alternativas. Inclusive, devemos tirar o chapéu para a Bloober Team, produtora do game.

A empresa conseguiu dosar muito bem os momentos em que a troca de mundos deve ocorrer, fazendo com que a jogabilidade seja bastante variada – e não fica maçante.  

Ecos do passado ajudam a reconstruir os acontecimentos

Outro poder de Marianne é a habilidade de criar uma espécie de campo de força para passar por locais em que há mariposas no mundo espiritual. Além disso, ela consegue absorver energia de itens que foram importantes para uma pessoa morta. A partir disso, é possível energizar pontos elétricos ou reconstruir acontecimentos.  

E por falar em reconstrução de acontecimentos, a personagem também consegue ver ecos do passado. Isso faz com que seja possível rever acontecimentos que despertaram algum tipo de sentimento profundo nos envolvidos – raiva, medo e até amor.  

Problemas e bugs 

Mas como nem tudo é perfeito, o jogo conta com alguns problemas que, apesar de não comprometerem a experiência dos jogadores, podem frustrar. O principal deles é a movimentação em alguns momentos, principalmente quando o jogador está controlando Marianne em uma direção e a câmera muda de lugar. É normal ficar perdido na tarefa de saber para qual local direcionar o analógico. 

Além disso, eu enfrentei um bug de salvamento que me atrasou bastante. Ao jogar em um dia, progredi bastante na narrativa. Após tentar continuar no dia seguinte, descobri que meu jogo não havia salvo, me obrigando a jogar um bom segmento novamente. Felizmente, isso só ocorreu uma vez.  

Personagens tentam ajudar Marianne em sua jornada

Por fim, pelo menos no Xbox Series S – console em que o game foi analisado -, há quedas de quadro constantes e falhas de renderização. Apesar da rapidez entre a troca de mundos, em alguns momentos é normal você ter de esperar alguns segundos até que todas as texturas sejam carregadas. Caso contrário, elas ficam borradas.  

“The Medium”: conclusão  

‘The Medium’ é um game que tem tudo para agradar os fãs de terror que estavam ansiosos por algo realmente novo nesses últimos anos. Além disso, o título serve para mostrar como os consoles da atual geração conseguem utilizar o SSD para proporcionar jogos sem carregamentos e com várias realidades, por exemplo.  

Prestar atenção em ambos os cenários é importante para progredir

Agora resta saber se o jogo será uma nova franquia ou um game isolado – o final foi bastante aberto e com gancho para uma possível sequência, ou, quem sabe, um prequel explorando mais detalhes sobre a relação de Marianne com Jack e seus poderes.  

‘The Medium’ chegou ao Xbox Series S/X e PC nesta quinta-feira (28). Os assinantes do Game Pass também podem ter acesso ao game, já que ele está disponível no serviço.  

Para realização desta análise, o Olhar Digital recebeu uma cópia do jogo para Xbox Series.