A guerra comercial entre China e Estados Unidos deve se estender para o setor de tecnologia com Joe Biden na presidência americana. Mas desta vez, sem temores de um conflito direto. Isso porque influentes de Washington D.C e profissionais da indústria tecnológica, incluindo o ex-CEO do Google Eric Schmidt, estão sugerindo ao governo americano um novo conjunto de propostas para alavancar os EUA frente ao país asiático.
O relatório, intitulado de “Competição assimétrica: uma estratégia para a China e tecnologia”, defende a promoção de “políticas que posicionam os Estados Unidos de modo a superar a concorrência da China, sem convidar a ciclos escalonados de confronto, retaliação ou conflito não intencional”.
Segundo o documento, a competição assimétrica da China deve-se ao fato de o país asiático seguir outro conjunto de regras, beneficiando-se de “espionagem corporativa, vigilância liberal e uma linha tênue entre os setores público e privado”.
Isso representaria um grande risco aos EUA, ameaçado de perder a liderança estratégica para a China.
Por esse motivo, aliado ao fato de ambos os países caminharem para uma esfera tecnológica, os autores defendem que uma “bifurcação” é necessária, desvinculando alguns setores da economia entre EUA e China, para que as normas não democráticas sucumbam.
Propostas enviadas a Biden
O relatório sugere ainda:
- uma reestruturação do governo em todo o poder executivo para orientações de uma “nova era de política tecnológica”;
- a criação de um centro nacional de análise e previsão tecnológica;
- iniciativas multilaterais, como uma nova aliança de democracias chamada “T-12” para agirem em resposta à competição tecnológica, a criação de “zonas multilaterais confiáveis” para que a integração seja feita de maneira segura e a fundação de uma “Corporação Financeira de Tecnologia Internacional”;
- melhorias na educação e resolução de impasses com a imigração no intuito de garantir ofertas de mão de obra qualificada;
- construção de cadeias de suprimentos sólidas, investindo em infraestrutura doméstica e “produção centrada em aliados”.
O documento foi assinado por 15 autores em suas capacidades privadas, incluindo Eric Schmidt (ex-CEO do Google, consultor técnico da Alphabet e cofundador da Schmidt Futures), Marissa Giustina (engenheira eletrônica quântica do Google), Jared Cohen (CEO da Jigsaw e ex-conselheiro de Condoleezza Rice e Hillary Clinton), Alexandr Wang (CEO e fundador da Scale AI), entre outros.
Se a proposta vai ser aceita ou não pelo governo Biden, ninguém sabe. Fato é que o documento se alinha aos objetivos multilateralistas do novo presidente dos Estados Unidos.
Via: Axios