A 155 dias do início dos Jogos Olímpicos de Tóquio, programado para 23 de julho, o Japão iniciou a campanha de vacinação contra a Covid-19 na manhã desta quarta-feira (17). Os primeiros a receber o imunizante serão os profissionais de saúde: a ideia é chegar ao fim do mês com 40 mil deles vacinados.

O Japão é o último país do grupo dos mais industrializados do mundo, o G7, a iniciar a vacinação da população. Por enquanto, apenas uma fórmula está autorizada por lá, a da Pfizer em parceria com a BioNTech, mas as do laboratório Moderna e da farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford já estão em análise para serem aprovadas.

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O primeiro lote do imunizante da Pfizer já chegou ao país e tem cerca de 400 mil doses – no total, serão 72 milhões de unidades de vacina da marca. Além delas, o governo japonês encomendou 60 milhões de doses da AstraZeneca e 25 milhões da Moderna.

A substância criada pela Pfizer deve ser armazenada em freezers especiais à temperatura de -70°C. Se for retirada de lá, deve ser mantida refrigerada e precisa ser utilizada em até cinco dias. No Japão, o início da vacinação inclui alguns desafios: o recebimento do imunizante, seu armazenamento, a distribuição para as províncias e o engajamento da população.

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vacina da pfizer
Imagem: Giovanni Cancemi/Shutterstock

Como a sociedade japonesa é um pouco resistente a vacinas, o governo pretende fazer uma campanha informativa para encorajar a vacinação. Além disso, após aplica as 20 mil primeiras injeções, as autoridades devem divulgar detalhes sobre a eficácia e os efeitos colaterais da fórmula.

Uma pesquisa da Ipsos Mori em 15 países aponta que os japoneses estão entre os mais hesitantes quanto às vacinas contra a Covid-19. Segundo o estudo, 17% deles declaram desejar receber o imunizante, um percentual bastante baixo se comparado aos 66% do Reino Unido e aos 68% do Brasil.

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Além disso, a pesquisa mostra que 62% dos entrevistados manifestaram preocupação com os efeitos colaterais das fórmulas. Outros 32% não confiam na eficácia das substâncias e 7% são contra todo tipo de vacina.

Yoshihide Suga, o primeiro-ministro do país, disse que “daria o exemplo” e estaria entre os primeiros a receber o imunizante. O ministro para Missões Especiais, Taro Kono, afirma que a vacinação é “a melhor arma” no combate ao novo coronavírus. Ele é atualmente o responsável pela campanha de vacinação no país. “Esperamos que muitas pessoas se vacinem com a compreensão dos benefícios e dos riscos.”

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Vacinação: sexta dose

Os obstáculos não param por aí. Cada frasco de imunizante da Pfizer tem conteúdo suficiente para seis doses de vacina. Só que a retirada da sexta unidade requer o uso de uma seringa especial, com êmbolo mais estreito. Se essa dose não for utilizada, o desperdício pode chegar a 24 milhões de unidades – ou seja, o suficiente para imunizar 12 milhões de pessoas.

Todas essas dificuldades precisam ser superadas para que seja possível imunizar toda a população antes da cerimônia de abertura da Olimpíada. Uma pesquisa da NHK indica que, no momento, apenas 16% dos entrevistados apoiam o calendário previsto para os Jogos Olímpicos. Uma nova remarcação é defendida por 39% deles e outros 38% acham que eles devem ser cancelados de vez.

Aros olímpicos em Tóquio
Foto: StreetVJ/Shutterstock

Um calendário divulgado pelo governo indica que o objetivo é vacinar, até maio, profissionais de saúde, idosos, indivíduos de grupos de risco e profissionais de instituições dedicadas a idosos. Isso totaliza cerca de 50 milhões de cidadãos, algo como 40% da população. Indivíduos de 16 a 64 anos devem ser imunizados na sequência, mas ainda não há data definida. O cronograma vale para todos os residentes, japoneses e estrangeiros.

Via: G1