Uma equipe de 22 cientistas fez história ao estudar a origem do mamute-lanoso, primo extinto do elefante. Em um artigo publicado na revista científica Nature, os pesquisadores anunciaram a recuperação e o sequenciamento do DNA antigo de espécimes que existiram há mais de um milhão de anos, estabelecendo um novo recorde e descobrindo uma nova linhagem do animal no processo.

Apesar da degradação decorrente do tempo, foi possível extrair fragmentos do DNA de amostras de dentes do mamute-lanoso. O código genético também só pôde ser obtido graças a recentes avanços em técnicas de sequenciamento e análise de dados.

Raizes de molares de três mamutes, recuperados na Sibéria em permafrost (ou pergelissolo, um tipo de solo que permanece congelado nas regiões polares), foram examinados. Os exemplares foram cedidos por colaboradores russos, de acordo com Love Dalén, do Centro de Paleogenética da Universidade de Estocolmo.

O cientista explicou que a pesquisa corria o risco de não ser realizada, já que quanto mais antigo o DNA, mais degradado ele fica. “Começa a ficar difícil de ver a diferença entre o DNA do mamute, de bactérias, de humanos e de plantas”, relata Dalén.

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Após 1,5 milhões de anos, fica praticamente impossível conseguir remontar os dados genéticos. A amostra mais antiga obtida pelos pesquisadores, batizada de Krestovka, tem 1,65 milhão de anos. As outras duas, Adycha e Chukochya, são mais novas, com 1,34 milhão de anos e 870 mil anos, respectivamente.

Descoberta dupla

Genomas de elefantes dos dias de hoje foram usados para ajudar a montar o “quebra-cabeças” com peças dos três espécimes de mamutes-lanosos. Isso, porém, mostrou que Krestovka, a amostra mais antiga, pertencia a uma nova linhagem de mamute.

“Pensávamos que há um milhão de anos só existissem ancestrais do mamute-lanoso. Na verdade, existiam dois tipos de mamutes”, relata Dalén. Apesar de não ter sido possível obter dados suficientes para retratar a aparência do novo animal, os pesquisadores conseguiram confirmar que o espécime de Krestkova teve uma origem diferente.

Essa nova linhagem separou-se do antecessor do mamute-lanoso há dois milhões de anos. Com o passar dos anos, as duas linhagens podem ter se cruzado, dando origem ao mamute-colombiano, uma espécie que existiu na América do Norte.

DNA: avanços na paleogenética

Além das descobertas feitas pela equipe de Love Dalén, a pesquisa também vai contribuir para o avanço da Paleogenética, o estudo do DNA de espécies extintas. Ao menos é o que acredita Sally Wassef, pesquisadora de DNA Antigo (aDNA) na Universidade Griffith, na Austrália.

Apesar de atuar em uma região cujo clima não contribui para a preservação de material genético, ela afirma que as técnicas usadas para isolar e sequenciar o DNA dos mamutes podem ser usadas em seu trabalho.

Fonte: Nature, CNET