Ao que parece, a Apple está redobrando seus esforços de fiscalização da App Store e começando a rejeitar apps que cobram preços “irracionalmente altos” por compras dentro do app (IAP, In-App Purchase) ou por assinaturas, num esforço para proteger os usuários contra golpes.

A informação vem do site 9to5Mac, que cita um desenvolvedor (cujo nome não foi divulgado) que recebeu da Apple uma carta de rejeição de seu app. Segundo o texto, a equipe da App Store determinou que os preços escolhidos para os IAPs “não refletem os valores e conteúdo oferecido ao usuário”.

O texto diz:

Os consumidores esperam que a App Store seja um mercado seguro e confiável para a compra de produtos digitais. Os apps nunca devem trair esta confiança tentando explorar ou enganar os usuários de qualquer forma.

Infelizmente, os preços que você selecionou para seu app ou produtos dentro do app não refletem o valor dos recursos e conteúdo oferecidos ao usuário. Cobrar preços irracionalmente altos por conteúdo ou serviços com valor limitado é uma forma de explorar os consumidores, e não é algo apropriado para a App Store.

Felizmente, para o desenvolvedor que recebeu a carta, a rejeição foi revertida depois que ele explicou que seu app usa uma API (interface de programação) proprietária e paga para oferecer um serviço, e que esse custo tem que ser repassado aos usuários.

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Segundo o 9to5Mac, menções a cartas de rejeição como esta podem ser encontradas nos fóruns para desenvolvedores da Apple desde outubro passado, então a política em si não é nova. Mas as denúncias feitas pelo desenvolvedor Kosta Eleftheriou, na semana passada podem ter feito a Apple “fechar o cerco”.

App Store: Esquema fraudulento

Kosta expôs no Twitter desenvolvedores que enganam os usuários para fazer com que comprem uma “assinatura” semanal de um app que mal funciona, arrecadando milhões de dólares ao longo de um ano.

Ele citou como exemplo o KeyWatch, um clone do FlickType, seu teclado para o Apple Watch. O plano de negócios do “concorrente” é simples: criar um app praticamente não funcional, que logo na primeira tela exige que o usuário clique em um botão para “desbloquear” seu uso. Ao fazer isso, na verdade o usuário está comprando uma assinatura do app por US$ 8 (cerca de R$ 42) semanais, enchendo os bolsos dos desenvolvedores.

Para convencer os usuários a baixar o app fraudulento, os desenvolvedores compram reviews e avaliações falsas na App Store e anunciam suas “criações” em redes sociais como o Facebook, usando os materiais de marketing do app original. O resultado do esquema é uma arrecadação de US$ 2 milhões (R$ 10,7 milhões) ao ano sem praticamente nenhum esforço.

Após a denúncia do esquema, a Apple tirou o KeyWatch do ar. Mas deixou na loja outros apps do mesmo vendedor, ou de outros vendedores com o mesmo modo de operação. Aos usuários, vale a mesma dica de sempre para se proteger: antes de instalar um app, não se guie somente pelas “estrelas” ou nota e leia os reviews deixados pelos usuários.

Mesmo com uma reputação imaculada, um app falso sempre vai ter uma boa quantidade de reviews negativos, muitos deles tentando alertar outros usuários sobre o golpe. Alguns minutos de atenção podem lhe economizar algumas horas de aborrecimento, sem falar em algum dinheiro, no futuro.

Fonte: 9to5Mac