Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) lotadas. Esse é o cenário no Brasil em 17 capitais, que têm pelo menos 80% de seus leitos desse tipo no sistema público ocupados. Com isso, é o pior momento do Sistema Único de Saúde (SUS) desde que a pandemia do novo coronavírus chegou ao país.

Para Mike Ryan, diretor-executivo de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), a situação por aqui é trágica neste momento em que o Brasil enfrenta uma nova onda de casos e mortes por Covid-19. Ryan diz que é urgente que se controle a transmissão comunitária no território brasileiro. “Não houve um ponto do país que não tenha sido afetado de forma grave pela pandemia”, avalia.

Por outro lado, ele destaca as qualidades do SUS e de outras instituições científicas brasileiras. “Acho que o país sabe o que fazer e muitos Estados estão tentando aplicar as melhores medidas. Não é simples. Não é fácil”, diz. Ryan lembra que o Brasil é a prova de que a pandemia não acabou. “Qualquer relaxamento é perigoso”, reforça.

Recorde de mortes

Na quinta-feira (25), o país registrou o pior número de mortos em 24 horas de toda a pandemia: foram 1.582 vítimas fatais da Covid-19.  O recorde anterior era de 29 de julho do ano passado, com 1.554 óbitos.

publicidade

Por isso, especialistas têm alertado para a necessidade de se impor um lockdown nacional para conter a disseminação do novo coronavírus. Além disso, a campanha de vacinação precisa ser intensificada: muitas capitais interromperam a aplicação dos imunizantes porque eles acabaram.

A distribuição das doses de vacina segue lenta no país. Por enquanto duas fórmulas estão liberadas para uso emergencial, a CoronaVac, da farmacêutica Sinovac, e a Covishield, desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido. Houve atrasos na entrega de insumos e apenas agora a produção começa a ganhar ritmo.

O único imunizante com registro de uso definitivo no Brasil é o criado pela Pfizer em parceria com a BioNTech. Até o momento, ele não foi comprado pelo governo federal e as negociações estão bastante turbulentas, em razão das cláusulas do contrato.

Preocupado com a situação mundial, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, pede que a produção de vacinas contra a Covid-19 seja aumentada e sua distribuição, acelerada. “Agora é a hora de usar todas as ferramentas para aumentar a produção, incluindo licenciamento e transferência de tecnologia, e até isenção de propriedade intelectual quando necessário.”