Mesmo antes da pandemia da covid-19 a depressão já vinha sendo pauta entre pesquisadores que estudam não apenas a sociedade como um todo, mas o avanço da tecnologia junto às redes sociais. Entre os jovens, ser um internauta muito ativo se tornou um agravante para quem sofre da doença. Com vários tipos e níveis, a que acomete a maioria dos pacientes é a unipolar, mas existem outros três tipos menos comuns que geram bastante impacto na qualidade de vida das pessoas. Então pra quem achava que depressão era tudo igual, se enganou.

Existem tipo menos comuns de depressão que impactam a qualidade de vida Imagem: Shutterstock

A causa mais comum da doença é de cunho genético, também podendo surgir de perdas, estresse, problemas neurológicos e condições periódicas de alterações no corpo, como na gravidez. A pandemia do coronavírus, que vem sendo protagonista no assunto, agravou, e muito, os níveis da doença nos pacientes, servindo como gatilho para também desencadear a condição em novas pessoas. A preocupação com a saúde física passou a não ser o único item que aflige a população. Ansiedade, desemprego, crise econômica, entre outros, fazem parte hoje de uma bomba relógio para a nossa saúde mental colocando o bem-estar psicológico à prova.

A conhecida depressão unipolar ou transtorno depressivo maior é a mais frequente entre as pessoas, mas existem outras classes diferentes da doença, como explica a psiquiatra Ana Paula Carvalho, coordenadora da Liga de Depressão do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Em entrevista a BBC News, a médica disse que há três tipos menos conhecidos e comuns na população: depressão psicótica, distima e bipolar.

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“No caso dessas doenças, muitas vezes o diagnóstico deixa de ser feito pelo próprio psiquiatra ao longo dos anos, passando despercebido e sem uma avaliação criteriosa. Na depressão bipolar, por exemplo, a descoberta pode levar mais de dez anos, dificultando o tratamento”, diz a psiquiatra.

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Depressão bipolar: a mais difícil de diagnosticar

Esse tipo de depressão possui níveis. O tipo 1 é a forma mais clássica e conhecida pela euforia ou a mania e a hipomania, que são duas fases mais leves do transtorno bipolar. O tipo 2 já se caracteriza como a bipolar, com quadros de tristeza e hipomania, às vezes com otimismo e em outras com agressividade.

“Geralmente, quando ocorre somente a bipolaridade é mais fácil de reconhecer a doença, já que o paciente apresenta sintomas evidentes. Porém, quando o quadro depressivo aparece em conjunto, pode levar anos até chegar a um diagnóstico preciso”, afirma o psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Luiz Dickeman, que disse ainda que para um paciente ser diagnosticado com a condição ele precisa ter passado pelo episódio de hipomania por pelo menos uma vez na vida durante quatro dias ou mais.

“Ele deve ser expor a atividades de risco como gastos excessivos, vontade exacerbada de fazer sexo, pouca horas de sono.”

Em um estudo publicado pela Revista Brasileira de Psiquiatria, dados revelaram que, em média, leva-se oito anos para identificar um paciente com depressão bipolar. Já outras publicações americanas mostraram que o diagnóstico pode levar ainda mais tempo: 15 anos.

Distimia: a menos conhecida

Transtorno depressivo persistente ou distimia é um tipo de depressão crônica. Seus sintomas podem durar até dois anos ou mais e especialistas acreditam que as causas podem ser multifatoriais, ou seja, a soma de diversos fatores resultando na condição depressiva.

Muitos pacientes podem não reconhecê-la por não ser comum e na maioria das vezes os pacientes acharem que os sintomas fazem parte de sua personalidade.

“É a típica pessoa que reclama toda hora, que tem uma visão pessimista das coisas e vive em uma rotina de lamentações. O que dificulta o diagnóstico é que na grande maioria dos casos, familiares e amigos acham que é o ‘jeito’ dela e que vai passar com a idade”, afirma a Dra. Carvalho, que ainda ressaltou a possibilidade dos sintomas evoluírem para uma depressão mais grave.

A diferença dela para a unipolar, que afeta os neurotransmissores, é que ela não altera as funções biológicas do paciente. O impacto da distimia está na qualidade de vida por reclamar o tempo todo, ter autoestima baixa e estar sempre de mau humor.

Depressão psicótica: a mais grave

Somado a grande tristeza, o paciente também apresenta sintomas como delírios e alucinações. Para os médicos, é provocada por luto, traumas e cobranças excessivas de si mesmo.

“É uma alteração dos cinco sentidos. Você pode ouvir e ver coisas, sentir cheiros e até toques na pele”, disse Dickeman, que explicou que diante disso ela é a mais fácil de diagnosticar, já que os sintomas são percebidos nos primeiros atendimentos.

O psiquiatra acrescenta ainda que a condição pode causar um desgaste familiar muito grande devido os sintomas exacerbados, que podem, inclusive, ser confundidos com esquizofrenia.

Este é o quadro mais suscetível de reações suicidas, pois isso é extremamente necessário a atenção da família e acompanhamento médico frequente.

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