Ao criar controvérsia com os novos termos de serviço do WhatsApp, o Facebook indiretamente fez algo bom: forçou os usuários a procurarem alternativas a seu app, que em alguns lugares do mundo (incluindo o Brasil) é quase onipresente nos aparelhos dos usuários.

Alternativas como o Telegram e o Signal foram as que mais se beneficiaram com o episódio. Em meados de janeiro, o Telegram ganhou mais de 25 milhões de usuários em três dias, e o Signal saltou de uma média de 50 mil downloads diários para 1,3 milhão em 11 de janeiro.

Mas essas não são as únicas alternativas disponíveis. Há algumas outras que, apesar de uma base de usuários muito menor, se esforçam ainda mais para proteger a privacidade e identidade de seus usuários. Veja algumas de nossas sugestões:

Briar

Grátis e para Android, esse app é projetado para “ativistas, jornalistas e qualquer um que precise de uma forma robusta e segura para se comunicar”. O app não usa um servidor central: em vez disso as mensagens são sincronizadas diretamente entre os smartphones dos usuários, via Bluetooth, ou Wi-Fi, mesmo que não haja uma conexão à internet.

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Caso haja uma conexão ativa, a sincronização é feita usando a rede Tor. De qualquer forma, essa descentralização impede que um governo “tire do ar” o serviço (como já aconteceu com o WhatsApp no Brasil) ou que implemente sistemas de vigilância e filtragem do conteúdo. 

Diagrama mostrando como as mensagens se propagam entre usuários do Briar
Diagrama mostrando como as mensagens se propagam entre usuários do Briar. Imagem: Briar Project/Reprodução

O projeto é Open Source, o que significa que o código-fonte do app pode ser baixado e analisado por qualquer um. Segundo os desenvolvedores, os objetivos do projeto vão além da troca de mensagens, e incluem aplicações distribuídas como o mapeamento de crises e edição colaborativa de documentos.

Bridgefy

Disponível gratuitamente para Android e iOS, esse é outro app que permite a troca de mensagens com pessoas próximas mesmo que não haja conexão à internet. Isso pode ser feito diretamente entre usuários (a uma distância de até 100 metros) via Bluetooth, ou um usuário com conexão pode servir de “ponte” para a transmissão de mensagens de quem está offline.

Segundo o desenvolvedor, o app é ideal para comunicação entre espectadores em shows e eventos esportivos, ou para troca interna de mensagens entre os alunos de uma escola. Não é necessário “adicionar contatos”, pois o app automaticamente detecta outros usuários próximos e cria uma lista para você.

Infelizmente, a comunicação no app não é criptografada. Ou seja, apesar de prático, ele não pode ser considerado seguro. Além do app, os criadores do Bridgefy também oferecem um kit de desenvolvimento de software (SDK) para que desenvolvedores possam adicionar a tecnologia em seus próprios apps.

Wickr Me

O Wickr Me, grátis para Android e iOS, tem como foco “segurança e controle”. Cada mensagem, arquivo transferido ou chamada de voz é protegida por criptografia de ponta a ponta com uma chave diferente, o que torna a conversa “quase impossível de quebrar”. 

Não é necessário um endereço de e-mail ou número de telefone para criar uma conta, e a lista de contatos é mantida no aparelho do usuário, e não nos servidores da desenvolvedora, a Wickr Inc. A empresa também não armazena metadados sobre as conversas, como listas de quem conversou com quem, quando e por quanto tempo.

Wicker: criptografia forte e controle sobre “validade” das mensagens e conversas são os destaques. Imagem: Wickr Inc.

Usuários podem definir uma “validade” para cada mensagem, que desaparece depois do período indicado, ou usar o “triturador” para excluir de forma segura do aparelho todo o conteúdo trocado usando o app. Por fim, o código fonte do app, do protocolo de comunicação e dos algoritmos de criptografia são abertos e podem ser analisados por usuários ou especialistas em segurança.

Além das versões para smartphones, o Wickr Me também tem clientes para Windows, Linux e macOS. As sersões “Pro” e “Enterprise” do app ainda oferecem mais recursos para empresas.

Session

Desenvolvido pela Loki Foundation, a primeira ONG de tecnologia focada em privacidade na Austrália, o Session (grátis, para Android e iOS) funciona com uma rede de servidores descentralizados espalhados por todo o mundo e operados pelos próprios usuários. Sem um servidor central, não há chance de que os desenvolvedores vazem ou vendam seus dados.

Não é necessário um endereço de e-mail ou número de telefone para criar uma conta, o que permite que os usuários se mantenham completamente anônimos.

Session tem servidores descentralizados, sem coleta de metadados e foco na anonimidade dos usuários
Session: servidores descentralizados, sem coleta de metadados e foco na anonimidade dos usuários. Imagem: Loki Foundation

Assim como o Wickr Me, o serviço não armazena metadados sobre as conversas, e em nenhum momento expõe o endereço IP de um usuário a outros usuários ou mesmo aos servidores que armazenam os dados.

Anexos, mensagens de voz, fotos e arquivos também são criptografados, e é possível criar grupos de conversas, com criptografia ponta-a-ponta, com até 100 usuários. Assim como o Briar e Wickr Me, o código-fonte do app e seu protocolo são completamente abertos. Além de Android e iOS, também há versões para Windows, Linux e macOS.