Em encontro com a imprensa nesta segunda-feira (15), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que vai sair do órgão — que deve ser reestruturado em breve. “Não estou doente e não pedi pra sair, mas o presidente quer reestruturar o ministério. Quando ele tomar sua decisão, faremos uma transição correta”, diz Pazuello.

O fim de semana teve muitas movimentações em torno de uma possível substituição de Pazuello. Foram inúmeras conversas de bastidor e alguns desmentidos sobre sua saída. A médica Ludhmila Hajjar confirmou um encontro com o presidente da República, Jair Bolsonaro, em que até mesmo Pazuello participou.

A reunião não levou a acordo. Ludhmila diz que não aceitou o convite porque não há convergência técnica com o governo. Pazuello afirma que sua equipe não vai parar de trabalhar nesse período. “Em uma situação militar, a manobra mais difícil é a substituição em posição: a tropa está posicionada e tem de ser substituída sem perder sua capacidade”, compara.

Compra de vacinas

Pazuello diz que o ministério comprou 562.911.800 doses de vacinas de diferentes fabricantes para serem entregues até o fim do ano. É um total robusto, mas a entrega é feita em quantidades pequenas quando considerada a população brasileira.

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Para vacinar os 160 milhões de cidadãos elegíveis são necessárias cerca de 320 milhões de doses de imunizante. As quantidades previstas para entrega ficam em torno de 50 milhões mensais até julho. Em uma conta simples, dá para saber que isso imuniza algo como 25 milhões de brasileiros — menos de um sexto da população que deve ser vacinada.

Essa demora na vacinação deixa todos expostos, uma vez que o novo coronavírus continua a se espalhar e a desenvolver variantes. Por ser um país continental, o Brasil precisa de vacinas em grande quantidade e rapidamente. Com a alta demanda mundial pelos imunizantes, o fato de o país não ter comprado antecipadamente deixa a população em situação extremamente frágil.

Vacinas contratadas pelo ministério da Saúde
Doses de vacina compradas pelo ministério da Saúde. Foto: Reprodução

Isso sem contar que todas as vacinas previstas para serem entregues são exatamente isso: previstas. E o que se viu até agora foi que as estimativas não têm se concretizado. “Não podemos contar com 100% das entregas”, destaca Pazuello. “Há oscilações.”

Conforme projeto de lei sancionado na semana passada, Estados e municípios podem comprar vacinas — além das adquiridas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) — desde que elas sejam enviadas à coordenação federal para serem distribuídas. “Eles podem comprar, mas precisam doá-las. Não vai haver um Estado ou município vacinando antes do outro”, diz.