Nesta sexta-feira (19) o rover Perseverance completa 30 dias na superfície de Marte. Dedicado a testes, ainda assim o período foi importante: foi nele que os vários sistemas que compõem o robô foram checados e validados, abrindo as portas para a exploração do planeta ao longo dos próximos dois anos terrestres (um ano marciano), pelo menos.

O mês da Perseverance começou com um pouso perfeito dentro da cratera Jezero, local de um antigo lago e delta de um rio, em Marte, em 18 de fevereiro, após uma jornada de quase seis meses pelo espaço.

O local de pouso do rover em Marte foi batizado de “Octavia E. Butler Landing”, em homenagem à escritora de ficção científica falecida em 2006 que foi a primeira mulher afro-americana a conquistar o Hugo e o Nebula, prêmios máximos deste gênero literário.

Pela primeira vez um rover da Nasa registrou seu próprio pouso a cores, em alta definição e de vários ângulos. O vídeo em 4K mostra os últimos segundos antes do veículo tocar no solo, com direito a imagens do paraquedas usado para reduzir a velocidade na queda, que escondia um código secreto.

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Logo após o pouso, o robô rapidamente começou a mandar imagens de seus arredores. Mas, seis dias após o pouso, em 24 de fevereiro, ele fez algo inédito: registrou pela primeira vez o som dos ventos na superfície de um outro planeta. O material foi incorporado a uma música, a primeira com material gravado em Marte.

O Perseverance só começou a se mover na primeira semana de março, 15 dias depois de seu pouso, quando esticou seu braço robótico. Um dia depois, em 5 de março, se deslocou pela primeira vez na superfície marciana, percorrendo uma distância de cerca de 6,5 metros. Além de testar as rodas e motores, a manobra serviu para que a equipe do rover pudesse fotografar o local do pouso e estudar o impacto dos retrofoguetes sobre o terreno.

Mas a missão científica, que tem como objetivo a busca por sinais de que Marte já abrigou vida, só começou quase um mês após o pouso. Foi só em 11 de março que o robô acionou pela primeira vez a SuperCam, uma câmera de alta resolução montada na ponta de seu braço robótico, que é usada para fotografar amostras de solo. 

Primeira imagem coletada pela SuperCam, instrumento a bordo do rover Perseverance em Marte
Imagem capturada pela SuperCam, na ponta do braço robótico do Perseverance. Imagem: Nasa/JPL-Caltech

No mesmo dia também foram feitos (e registrados) os primeiros disparos do laser que é parte de um instrumento chamado espectrômetro Raman. O laser é usado para vaporizar pequenos pedaços de rochas, e o espectrômetro analisa as ligações químicas para determinar quais elementos estão presentes.

Também houve momentos de pura sorte. Em 16 de março, o Perseverance registrou um redemoinho levantando nuvens de poeira, passando ao fundo em uma de suas fotos. Redemoinhos não são incomuns em Marte, mas é raro uma câmera estar no local exato e no momento certo para fazer o registro.

Os próximos passos do Perseverance

O próximo grande passo na missão do Perseverance são os testes de voo do helicóptero Ingenuity, que ainda não tem data marcada. A Nasa anunciou em 17 de março que já selecionou um local plano para a decolagem, e mais detalhes serão divulgados em uma entrevista coletiva em 23 de março.

O Perseverance irá até o local selecionado e descarregará o Ingenuity, que está armazenado em sua “barriga”. O helicóptero será cuidadosamente baixado ao solo e receberá uma última carga de energia antes de ser desconectado do rover.

Ilustração imagina como será o primeiro vôo do Ingenuity em Marte.
Ilustração imagina como será o primeiro vôo do Ingenuity em Marte. Imagem: Nasa/JPL-Caltech

A partir daí, a equipe responsável pelo Ingenuity terá 30 dias para realizar até cinco voos, cada um durando 90 segundos. Os primeiros serão curtos e em baixa altitude, mas ele gradualmente irá voar mais longe e mais alto.

Segundo Joshua Ravich, diretor de engenharia mecânica do drone no Laboratório de Propulsão a Jato (Jet Propulsion Laboratory, JPL), “o quinto voo pode ser algo tão complexo quanto decolar, voar uma certa distância, escolher de forma autônoma um local de pouso e pousar lá”.

Será possível realizar apenas um voo por dia, e o helicóptero usará painéis solares para recarregar suas baterias entre os voos. O Perseverance estará observando tudo, fazendo fotos e talvez vídeos de cada tentativa.

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