Desde o começo da pandemia da Covid-19, estudos apontam que quem contraiu o vírus adquire tem pouquíssimas chances de desenvolver a doença novamente. Mas, com os casos aumentando e o vírus circulando, novas variantes surgem e, algumas delas aqui do Brasil desenvolveram mutações que podem escapar parcialmente dessa imunidade adquirida.

Um estudo da Fiocruz indica que pelo menos cinco sequências do vírus analisadas no Brasil registraram mutações que podem não ser contidas pelos anticorpos de quem já pegou a doença.

“Identificamos que linhagens SARS-CoV-2 circulando no Brasil com mutações preocupantes no RBD adquiriram, de forma independente, deleções convergentes e inserções no NTD da proteína S, que alteraram o NTD antígeno-supersita e outros epítopos previstos nesta região”, diz o estudo publicado na última segunda-feira (22).

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“Esses achados apoiam que a contínua transmissão generalizada do SARS-CoV-2 no Brasil está gerando novas linhagens virais que podem ser mais resistentes à neutralização do que as variantes parentais preocupantes”, completa ainda.

Novas variantes brasileiras e a imunidade

O estudo destaca ainda o risco que essas mutações criam já que elas ocorrem uma área crucial onde o corpo reconhece o vírus e consegue neutraliza-lo. Com essa capacidade enfraquecida pelas variantes, a imunidade perde força.

“Uma hipótese é que essa grande mudança de pressão de seleção no genoma do vírus é impulsionada pelo aumento da imunidade da população humana adquirida em todo o mundo a partir da infecção natural por SARS-CoV-2. Nossos resultados sugerem que o SARS-CoV-2 está continuamente se adaptando”, completa o estudo.

A grande dúvida no momento é se essas variantes vão se tornar predominantes, se isso acontecer pode ter um impacto significativo na pandemia no Brasil, inclusive com adaptação de vacinas para ganhar uma imunidade mais efetiva contra essas mutações. Até o momento, as variantes P.1, de Manaus, e P.2, com origem no Rio de Janeiro, se tornaram responsáveis por uma parcela significativa dos casos no Brasil.

Imagem: Deliris/Shutterstock

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