A empresa de cibersegurança Check Point Research (CPR) alerta para o crescente número de ofertas na Darknet de documentos e artigos falsos relacionados com a pandemia do coronavírus. O número de anúncios de venda das supostas vacinas contra a Covid-19 teve um aumento de 300% nos últimos três meses, e o cibercrime estendeu sua atividade também para os falsos certificados de vacinação e de resultados negativos de testes de Covid-19.

Para obter um certificado de vacinação falso, basta o usuário enviar seus dados e o pagamento e o “vendedor” devolve os documentos por e-mail. Há promoções especiais em que, em menos de 24 horas, os compradores podem adquirir um teste de Covid-19 negativo na oferta “leve 3, pague 2” por US$ 25.

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Certificados de vacinação ou testes negativos estão sendo exigidos por muitos países para que viajantes internacionais possam atravessar suas fronteiras. Geralmente a checagem dos documentos é feita no país de origem, e um passageiro sem um documento válido é impedido de embarcar.

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Os pesquisadores da CPR contataram um fornecedor de certificados de vacinação falsos para obter o maior número possível de detalhes sobre entrega, preço e nível de autenticidade. Ao responder às perguntas dos especialistas, o anunciante assegurou que já tinha feito esta operação anteriormente muitas vezes, sem qualquer problema.

A Darknet corresponde a uma parte da Internet invisível para os mecanismos de busca, não indexada, na qual se trocam recursos ilícitos como números de cartões de crédito roubados, drogas, ciberarmas, softwares maliciosos e, mais recentemente, serviços relacionados com o coronavírus.

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“A Darknet está repleta de atividade relacionada com as vacinas, comercializando todo o tipo de certificados relacionados ao coronavírus: testes, certificados de vacinação e, claro, as supostas vacinas de qualquer fornecedor”, explica Oded Vanunu, chefe de pesquisa de vulnerabilidades de produtos na Check Point.

“Os cibercriminosos tentam capitalizar o interesse tanto do público que anseia pela vacina como daqueles que procuram evitá-la. É imperativo que as pessoas compreendam que entrar em qualquer uma destas transações é extremamente arriscado porque os cibercriminosos querem essencialmente extrair informação pessoal. Também recomendo veementemente a todas as pessoas a não compartilharem certificados de vacinação nas redes sociais, já que estes podem muito bem chegar à Darknet de alguma forma”, alerta Vanunu.

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Anúncios de vacinas da Pfizer e Moderna na Darknet
Alguns dos anúncios de vacinas na Darknet. Imagem: Kaspersky/Reprodução

Cardápio de vacinas à venda

Além disso, os anúncios comercializando supostas vacinas contra o coronavírus aumentaram 300% desde janeiro, com mais de 1.200 anúncios registrados pela equipe da CPR. Criminosos oferecem os imunizantes da Johnson & Johnson, AstraZeneca, Sputnik e SinoPharm por valores entre US$ 500 e US$ 600 a dose.

Obviamente, compras em um “mercado negro” são um negócio arriscado. Além da incerteza sobre a dose ser real ou não, o comprador não tem nenhuma garantia de que receberá o produto anunciado. Para apoiar as vendas foram encontrados, inclusive, comentários de supostos compradores elogiando a entrega e embalagem das vacinas.

Também é preciso observar outros pontos importantes, como o fato de que a solução comercializada pode ser inofensiva ou “até algo realmente perigoso”. Além disso, as doses de vacina da Pfizer/BioNTech devem ser mantidas a -70º. A vacina da Moderna, por sua vez, precisa ser armazenada em -20º de temperatura. Tendo isso em mente, é impossível garantir que as vacinas sejam transportadas de forma ideal.