No ranking mundial das vacinas mais utilizadas contra a Covid-19, a farmacêutica americana Novavax tem grandes chances de incomodar a Pfizer e a Moderna, que, atualmente, detêm o domínio do mercado desses imunizantes no mundo.

Vacina da Novavax
Novavax pode tomar lugar das vacinas da Pfizer e da Moderna. Foto: vovidzha/Shutterstock

A empresa planeja entregar 110 milhões de doses da NVX-CoV2373 aos EUA até julho deste ano, após a autorização regulatória. O laboratório já contabiliza pedidos de cerca de 200 milhões de doses de sua fórmula para países como Canadá, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Suíça.

Além disso, a farmacêutica assinou acordo com a Covax Facility para fornecer mais de 1 bilhão de unidades para o consórcio internacional que quer levar vacinas a todos os cantos do globo. Com isso, a empresa pode garantir que todos os países tenham acesso justo ao imunizante.

A capacidade de fabricação a longo prazo também destaca a empresa no mercado: a farmacêutica se prepara para produzir mais de 2 bilhões de doses em 2021. A Moderna, segunda vacina contra a Covid-19 mais utilizada no mundo, espera fabricar entre 700 milhões e 1 bilhão de doses neste ano.

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Com base no preço de US$ 16 pagos por dose pelos EUA em 2020, estima-se que a receita da Novavax com as vendas será de cerca de US$ 4,8 bilhões em 2021. Isso é muito significativo para uma empresa que ainda não tem receita com produtos.

Nesse total, estão pedidos americanos e internacionais, mas não as unidades destinadas à Covax Facility. As vacinas do acordo com o consórcio estão fora do cálculo por terem preços consideravelmente mais baixos, já que são destinadas a países mais pobres.

Stanley C. Erck, presidente e diretor-executivo da Novavax. Imagem: Divulgação/Novavax

Segundo estudos recentes, o imunizante da Novavax tem 96% de eficácia global na prevenção da doença. Em comunicado no site da empresa, Stanley C. Ercko, presidente e diretor-executivo do laboratório, mostra-se satisfeito com o índice. “Estamos muito encorajados com os dados que demonstram que a vacina não apenas fornece proteção completa contra casos graves da doença, mas também reduz drasticamente as ocorrências leve e moderada. É importante ressaltar, ainda, que os estudos confirmam a eficácia contra as cepas variantes.”

Novavax está em análise pela OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que, das 79 fórmulas que estão na fase de testes clínicos em humanos atualmente, 13 estão em processo de avaliação para pré-qualificação e uso emergencial. A Novavax é uma delas, e, junto a outras cinco, está sendo ignorada pelo governo federal brasileiro. O país não sinalizou interesse na compra desses imunizantes:

  • EpiVacCorona (Rússia): ainda em fase inicial de testes em humanos, já ocupa a 10ª colocação no ranking das vacinas contra a Covid-19 mais usadas no mundo;
  • Ad5-nCov (China): tem eficácia de 90,07% contra casos graves da doença, segundo testes realizados na China e na análise preliminar de ensaios de fase 3 conduzidos no Paquistão, no México, na Rússia, no Chile e na Argentina;
  • Sinopharm (China): está na penúltima etapa de avaliação, com previsão de conclusão ainda em março;
  • ZF2001, da Anhui  Zhifei Longcom (China): capaz de combater a variante sul-africana 501Y.V2, utiliza a mesma tecnologia da Novavax;
  • IMBCams (China): é uma das quatro em fase mais avançada de testes entre as dez vacinas produzidas na China.

Nanopartícula recombinante

Conforme o Olhar Digital já detalhou anteriormente, a tecnologia empregada na NVX-CoV2373 é diferente das utilizadas nas vacinas que já chegaram ao mercado, que usam vírus inativado (CoronaVac, Sinopharm), vetor viral (Oxford, Sputnik V) ou RNA mensageiro (Pfizer, Moderna).

Diferentemente dos imunizantes que aproveitam sequências de DNA ou RNA mensageiro para estimular o organismo humano a produzir a proteína spike — que o novo coronavírus usa para invadir as células humanas —, a Novavax utiliza réplicas inofensivas dessa proteína cultivadas em laboratório e injetadas em células de insetos — que não causam Covid-19 nem se replicam no organismo.

Depois, o material é agrupado em nanopartículas, que compõem a vacina que será aplicada nos pacientes. A NVX-CoV2373 é chamada de vacina de nanopartícula recombinante. Em termos de logística, ela tem a vantagem de poder ser armazenada em geladeira comum, em temperatura de 2°C a 8°C, o que, no Brasil, permite ampla distribuição com a infraestrutura já existente.

Fonte: Fool/UOL