Diante da pandemia de coronavírus, o regime home office foi uma das maneiras encontradas pelas empresas para dar continuidade às operações sem colocar em risco a saúde de seus funcionários. O problema é que o trabalho remoto tem aumentado os assédios envolvendo gênero, idade, raça e etnia, de acordo com uma pesquisa feita pelo Project Include — grupo sem fins lucrativos que defende a diversidade no Vale do Silício, na Califórnia.

De acordo com o levantamento, feito entre maio de 2020 e fevereiro de 2021 com a participação de quase 3 mil entrevistados, os mais afetados foram as mulheres, pessoas trans ou não binárias, asiáticas, negras e indígenas.

Mais de um em cada quatro participantes em home office alegaram sofrer mais assédio por conta do gênero — 42% alegaram assédio por serem pessoas trans, por exemplo. Quando combinadas raça e identidade de gênero, os números continuam preocupantes: 39% relataram impertinência por serem mulheres, asiáticas e não binárias e 38% confessaram mais assédios por serem mulheres, latinas e não binárias. Além disso, 14% reportaram aumento de assédios com base na idade.

A pesquisa considerou como assédio comportamentos como gritaria, perguntas desconfortáveis ou repetidas sobre identidade de gênero e aparência, bem como solicitações de encontros para sexo casual.

publicidade
Mulher, em regime home office, com feição de desaprovação
Asiáticas foram um dos grupos mais afetados por assédios, de acordo com o levantamento. Foto: ert21/Shutterstock

“Presume-se que, uma vez que todos fossem separados e você estivesse protegido em sua própria casa, você não teria o mesmo nível de assédio. Acontece que esse não foi o caso.” apontou Ellen Pao, fundadora do Project Include.

Leia mais:

Mulheres negras foram as mais hostilizadas

Além de contabilizar os casos de assédio, o levantamento também reuniu casos de hostilidade em ambientes de trabalho remoto. Embora sejam considerados menos nocivos do que os assédios — por não infringirem as regras das companhias —, eles são responsáveis por criarem desconforto entre os profissionais.

Cerca de 45% dos casos de hostilidade foram reportados por mulheres negras e 30% por mulheres asiáticas.

Segundo Pao, o aumento de casos de assédio e hostilidade está ligado ao fato de o home office confundir as fronteiras entre trabalho e vida doméstica. Além disso, o distanciamento social torna as conversas mais privativas, fator que encoraja os assediadores.

Ainda de acordo com a fundadora do Project Include, será necessário que as empresas abordem “todos os danos causados ​​pelo preconceito, pelo racismo, pelo sexismo, pela transfobia”.

Fonte: NPR