O Conselho sobre Relações Islâmico-Americanas, o Cair (sigla do inglês Council on American-Islamic Relations), o maior grupo de defesa dos direitos muçulmanos nos Estados Unidos (EUA), emitiu um comunicado no qual pede para que o jogo ‘Six Days in Fallujah’ não seja lançado e/ou apoiado de forma alguma pela indústria.

A solicitação de cancelamento foi recebida pela Sony (PlayStation), Microsoft (Xbox) e pela desenvolvedora de games Valve.

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Gameplay do polêmico jogo 'Six Days in Fallujah' é lançado. Imagem: Highwire Games/Reprodução
Gameplay do polêmico jogo ‘Six Days in Fallujah’. Imagem: Highwire Games/Reprodução

No comunicado, o Cair alega que ‘Six Days in Fallujah’ é um “simulador para assassinar árabes” e cita os artigos dos sites IGN, que diz que o jogo é “complicado e doloroso para quem tem ligações aos evento reais”, e do TRT World, no qual afirma que o título expõe o “problema da islamofobia na indústria de videogames”.

“[Este jogo] apenas normaliza a violência contra muçulmanos nos Estados Unidos e no mundo”, diz o Cair em comunicado. “A indústria dos jogos precisa parar de desumanizar os muçulmanos. Games como ‘Six Days in Fallujah’ apenas servem para glorificar a violência que ceifou a vida de centenas de civis iraquianos, justificar a Guerra do Iraque e reforçar o sentimento antimuçulmano numa época em que a intolerância continua a ameaçar vidas”.

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Gameplay do polêmico game ‘Six Days in Fallujah’

Six Days in Fallujah‘: do cancelamento à polêmica

Antes mesmo de ser lançado, o game já é cercado de polêmicas. ‘Six Days In Fallujah‘ foi cancelado em 2009 pela Konami, que seria a responsável pela distribuição do título. Na época, houve confusão por conta do enredo do jogo, que é baseado em um cenário com crimes de guerra.

A cidade de Fallujah (Faluja, em português) foi destruída em meio à Guerra do Iraque em 2004, e entidades humanitárias acusam até hoje soldados norte-americanos e britânicos de massacrar a população local.

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De acordo com registros históricos, cerca de 1 mil moradores de Faluja morreram durante as ações militares no país do Oriente Médio. As discussões sobre o jogo em 2009 eram de que nenhuma produção artística ou cultural deveria “glorificar os crimes cometidos na região ou exaltar o nacionalismo norte-americano”.

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Em fevereiro, a Victura e a Highwire Games anunciaram que retomaram a produção do jogo ao lado de profissionais que trabalharam em outros games de guerra, como ‘Halo‘ e ‘Destiny‘. Segundo as empresas, o título será totalmente novo em comparação com o que era antes do cancelamento e está sendo desenvolvido ao lado de mais de 100 militares, incluindo fuzileiros navais e soldados que estiveram na linha de frente da batalha em Faluja, e civis iraquianos que compartilharam histórias pessoais, fotografias e vídeos para contribuir com o projeto.

Cena do gameplay de 'Six Days in Fallujah', polêmico jogo sobre a Guerra do Iraque. Imagem: Ventura Games/Reprodução
Cena do gameplay de ‘Six Days in Fallujah’, polêmico jogo sobre a Guerra do Iraque. Imagem: Ventura Games/Reprodução

“Esta geração mostrou sacrifício e coragem no Iraque tão notável como qualquer outra na história. E agora eles estão oferecendo ao restante de nós uma nova maneira de entender um dos eventos mais importantes do nosso século. É hora de desafiar estereótipos desatualizados sobre o que os videogames podem ser”, argumentou Peter Tamte, CEO da Victura e ex-presidente da Atomic Games, estúdio que estava desenvolvendo o jogo em parceria com Konami em 2009.

“Às vezes, a única maneira de entender o que é verdade é experimentar a realidade por si mesmo”, disse o ex-sargento da Marinha Eddie Garcia, que foi ferido durante a Batalha de Faluja e que propôs a ideia original para ‘Six Days in Fallujah‘ ainda em 2005.

Foi confirmado que jogo será lançado ainda em 2021 para PC e consoles a serem anunciados posteriormente.

Fonte: Eurogamer

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