A NASA acaba de anunciar o financiamento de um projeto incomum que envolve o envio de um “enxame” de pequenas espaçonaves para estudar a atmosfera de Vênus.

Batizadas de Leaves (Lofted Environmental and Atmospheric Venus Sensors, algo como Sensores Atmosféricos e Ambientais Venusianos Elevados), uma brincadeira com a palavra “folhas” em inglês, elas irão flutuar ao sabor dos ventos do planeta.

As espaçonaves serão similares a “pipas” leves de alta tecnologia, liberadas de uma espaçonave em órbita. Elas deslizarão passivamente pelas nuvens na atmosfera superior de Vênus, usando sensores embutidos para captar produtos químicos atmosféricos e irão relatar suas descobertas para sua “nave-mãe”.

Leia mais:

publicidade

Depois de cerca de nove horas de vôo, as “folhas” terão mergulhado fundo demais na atmosfera para continuar fornecendo leituras úteis, ou serão devoradas pela atmosfera ácida e rica em enxofre do planeta.

Vênus é um desafio para nossa tecnologia de exploração. Sua densa atmosfera prejudica observações do solo por espaçonaves em órbita, e nuvens de ácido sulfúrico, combinadas a uma superfície onde a pressão atmosférica é 92 vezes superior à da Terra ao nível do mar, com temperatura média de 473 °C, o tornam um ambiente inóspito para o pouso e operação de instrumentos robotizados.

Até hoje apenas duas espaçonaves, as russas Venera 13 e Venera 14, conseguiram pousar na superfície e fotografar o planeta. Ambas deixaram de funcionar cerca de 2 horas após o pouso, excedendo a vida útil projetada de 30 minutos.

Imagem do solo de Vênus feita pela sonda russa Venera 13 em 1982
Uma das poucas imagens do solo de Vênus, feita pela sonda Venera 13 em 1982

A missão das Leaves ainda levará anos para acontecer. A NASA distribuiu apenas US$ 500.000 (cerca de R$ 2,8 milhões) para desenvolver a tecnologia necessária. Ainda assim, o projeto poderá um dia dar aos cientistas informações cruciais sobre o que está acontecendo acima da superfície de Vênus, área que os cientistas já especularam que poderia estar repleta de nuvens de vida microbiana flutuante.

Fonte: Futurism