Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Sorbonne, em Paris, determinou que nosso planeta “ganha peso” de uma maneira surpreendente: com milhares de toneladas de poeira espacial que caem sobre nós todos os anos. 

O cosmoquímico Jean Duprat e seus colegas cavaram três trincheiras na neve da Antártica em busca de micrometeoritos. O local escolhido foi o “Dome C”, um dos “picos” do platô Antártico, a cerca de 1.100 km do litoral do continente.

O material foi colhido a partir de dois metros de profundidade, ou seja, neve acumulada antes de 1995, quando a base francesa no local foi estabelecida. Assim, os cientistas podiam ter certeza de que o material encontrado não seria resultado de contaminação por atividade humana no local.

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Usando ferramentas ultralimpas eles coletaram centenas de quilos de neve, derreteram o material e filtraram a água. Como resultado, encontraram quase 2.000 micrometeoritos.

Seu tamanho varia de 30 a 350 micrômetros, e juntos eles não pesam mais do que uma fração de grama. Deste total, 808 esferas foram parcialmente derretidas durante a entrada em nossa atmosfera e 1.280 não mostravam dano algum.

Alguns dos micrometeoritos encontrados por Jean Duprat e sua equipe
Alguns dos micrometeoritos encontrados por Jean Duprat e sua equipe. Imagens da esquerda e direita por J. Duprat e C. Engrand/CNRS. Imagens centrais por C. Engrand e L. Delaunche/CNRS.

Todos estes micrometeoritos foram encontrados em uma área de alguns poucos metros quadrados. Assumindo que partículas de poeira espacial caiam sobre a Antártica na mesma proporção que no resto do planeta, a equipe conseguiu estimar quanta poeira espacial cai em todo o planeta em um ano: cerca de 5.200 toneladas.

Os pesquisadores estimam que cerca de 80% dos micrometeoritos se originam de cometas que passam a maior parte de suas órbitas mais próximos do Sol do que Júpiter. O restante seria derivado de colisões com objetos no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. 

Duprat e seus colegas sugerem que estas partículas minúsculas, juntas, entregam entre 20 a 100 toneladas de carbono para a Terra todo o ano, e poderiam ter sido uma fonte importante de compostos ricos em carbono, como amino-ácidos, durante o início da história de nosso planeta.

Fonte: Science News