Em busca de tratamento para diversas doenças, cientistas publicaram, na última quinta-feira (15), um estudo com células-tronco humanas injetadas em embriões de macacos. O resultado apontou que os híbridos do experimento sobreviveram por até 20 dias no laboratório e animou os pesquisadores.

Esses embriões híbridos algum dia poderão servir como modelo de doenças humanas, além de ajudar no desenvolvimento embrionário. Ao ampliar a interação das células-tronco e das células animais, os cientistas poderiam aprender como ajudar as células dos humanos a sobreviverem entre as células animais, o que potencializaria o esforço em criar órgãos humanos em animais.

Pesquisadores em laboratório
Pesquisadores anunciam estudo que resultou em embriões meio humanos e meio macacos.
Crédito: Olhar Digital

O desenvolvimento de organismos que contêm células de duas ou mais espécies já levanta algumas preocupações éticas, especialmente no que diz respeito ao tempo que os embriões devem ser autorizados a se desenvolver.

Alejandro De Los Angeles, biólogo de células-tronco da Escola de Medicina da Universidade de Yale, afirmou que “uma das principais preocupações é saber se a humanização ocorrerá se as células desenvolvidas adquirirem cognição humana”.

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No passado, estudiosos já tentaram incorporar células-tronco humanas em embriões de suínos e ovinos para cultivar órgãos humanos, mas poucas delas sobreviveram ao experimento. Isso ocorreu, segundo um estudo publicado no Science Magazine, porque porcos e ovelhas não estão intimamente relacionados aos humanos evolutivamente.

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“Porcos e humanos divergem há 90 milhões de anos, quando compartilharam um ancestral comum pela última vez”, explicou Juan Carlos Izpisúa Belmonte, professor do Instituto Salk de Estudos Biológicos em La Jolla, na Califórnia (Estados Unidos). Sobre o estudo recente com macacos, Belmonte acredita que “a distância evolutiva é menor, o que pode explicar a maior eficiência da integração com as células-tronco humanas”.

Preocupações para o futuro

Além de rastrear quantas células-tronco humanas sobreviveram ao longo do experimento, a equipe analisou os genes que se ligaram nos embriões durante o desenvolvimento e as proteínas que eles produziram. Os cientistas notaram que os embriões construíram um conjunto diferente de proteínas que podem estar envolvidas na “comunicação” entre macacos e humanos. Essa descoberta pode ser a chave para a sobrevivência prolongada das células humanas.

Agora, a equipe planeja estudar mais estes caminhos de “comunicação” para determinar quais são os mais fundamentais para o sucesso do processo. Se as alterações moleculares puderem ser replicadas em outras espécies, a descoberta pode melhorar as tentativas de cultivar tecidos e órgãos humanos em animais.

O bem-estar dos animais envolvidos nestas futuras pesquisas também é motivo de alerta. A Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina divulgou recentemente um relatório delineando uma série de considerações éticas para uso de cérebro humano ou tecido nervoso em experimentos deste tipo.

Fonte: Live Science

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