A impressionante capacidade dos gafanhotos de sobreviver a secas intensas foi alvo de um estudo conduzido pelo professor Frances Duncan, da Escola de Ciências Animais, Vegetais e Ambientais, da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, na África do Sul.

As províncias sul-africanas do Cabo Setentrional e do Cabo Oriental sofreram recentemente sua estiagem mais longa em 100 anos. Ao todo, o período de seca durou sete anos, começando com a falta de chuvas em fevereiro de 2013, e causou estragos na comunidade de criadores de ovelhas.

Eis que, quando as chuvas de verão finalmente caíram em outubro de 2020, os fazendeiros também tiveram que enfrentar um surto de gafanhotos marrons, algo que tinha acontecido pela última vez antes da estiagem, em 2012.

Segredo do gafanhoto está em ‘esconderijo’

Foi quando o professor Duncan se perguntou: como os insetos sobreviveram ao longo período de seca e conseguiram atacar novamente assim que voltou a chover?

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Após investigar o mistério, o pesquisador descobriu que a resposta está no fato de que os ovos dos gafanhotos podem passar vários anos no solo com os embriões se desenvolvendo em taxas diferentes em resposta às condições ambientais.

A fêmea põe em média 380 ovos durante sua vida em 6 a 10 vagens. Eles são protegidos por estarem sob a terra e permanecerão por lá até que tenham umidade suficiente para eclodir.

Nuvem de gafanhotos. Imagem: Antrakt2/Shutterstock
Nuvem de gafanhotos. Imagem: Antrakt2/Shutterstock

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Acúmulo de ovos e incubação sincronizada

Ainda de acordo com o estudo, todos os embriões podem reduzir sua taxa de desenvolvimento quando as condições ambientais são desfavoráveis.

Assim, eles podem permanecer enterrados por vários anos com os embriões esperando para receber umidade suficiente para completar o desenvolvimento.

Isso resulta em incubação sincronizada quando há chuva suficiente, com os ovos “explodindo” em um efeito parecido com o de uma “bomba-relógio”.

As fêmeas solitárias tendem a colocar seus ovos nas mesmas áreas e, portanto, há um acúmulo de ovos em locais específicos.

Após deixarem o esconderijo sob a terra, esses bandos de gafanhotos recém-nascidos se deslocam até oito quilômetros por dia em busca de alimento, competindo com o gado pelo pasto disponível.

Devido à grande área e à escassa população humana, muitos enxames não são detectados. Quando isso acontece, os oficiais distritais de controle de gafanhotos em cada região coordenam o controle químico – pulverizando inseticida e tentando controlar a ‘nuvem’ de insetos.

Fonte: ScienceAlert

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