O ator Paulo Gustavo está internado em uma UTI no Rio de Janeiro com Covid-19 desde o dia 13 de março. De lá para cá, seu estado de saúde piorou e foi considerado grave pelos médicos – ele, inclusive, foi submetido a um procedimento conhecido como ECMO. Nesta terça-feira (27), porém, médicos atualizaram seu quadro e informaram que o humorista apresentou uma pequena melhora, apesar de enfrentar uma pneumonia bacteriana.

A notícia animou os fãs ao mesmo tempo que os deixou preocupados com a nova doença que Paulo Gustavo desenvolveu. Para tentar entender o que é essa tal pneumonia bacteriana e qual sua relação com o novo coronavírus, o Olhar Digital entrevistou o Dr. José Tadeu Colares Monteiro, coordenador da Comissão Científica de Infecções Respiratórias da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

O que é pneumonia bacteriana?

A pneumonia é um processo inflamatório que acomete as regiões mais terminais das vias aéreas, que seriam os brônquios e o pulmão. A enfermidade é causada por microrganismos, como um vírus, uma bactéria (responsável pelo quadro atual de Paulo Gustavo) ou um fungo.

Paulo Gustavo desenvolveu pneumonia bacteriana
Pneumonia bacteriana. Imagem: Shutterstock

“A partir do momento que a bactéria atinge a via aérea, ela começa um processo inflamatório que se manifesta no paciente com sintomas de pneumonia, tais quais tosse, expectoração, febre, dor torácica e dor no peito. Esse paciente precisará ser avaliado por um médico”, explicou o Dr. Monteiro.

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Como é feito tratamento para pneumonia bacteriana

De acordo com o coordenador do SBPT, a infecção bacteriana, que leva à pneumonia, pode acontecer em nível comunitário ou nível hospitalar, e cada um possui esquema de antibióticos diferente.

“Nós temos a pneumonia que acontece na comunidade. Quando o paciente entra em contato com microrganismos na comunidade e desenvolve eles lá, os antibióticos usados no tratamento são mais leves, uma vez que são germes ou bactérias que já circulam nessa comunidade. Agora, quando [a infecção] é no meio hospitalar, temos outros microrganismos que geralmente já entraram em contato com antibióticos e, por isso, possuem mecanismos de resistência bacteriana. É preciso, portanto, administrar um esquema de antibióticos mais fortes que consiga combater essas infecções”, afirmou.

Qual a relação da pneumonia bacteriana com a Covid-19

Internado com Covid-19, uma doença viral causada pelo vírus SARS-Cov-2, Paulo Gustavo desenvolveu pneumonia bacteriana, que, como já sabemos, ocorre por uma infecção gerada por bactérias. Como isso é possível?

Ilustração do vírus Sars-Cov-2
Dotted Yeti/Shutterstock

Segundo o pneumologista, a resposta está na imunidade do ator e na gravidade do seu estado de saúde. “A própria Covid-19 ocasiona uma pneumonia viral, que é a principal manifestação clínica de casos graves do novo coronavírus. À medida que o paciente evolui [o estado de saúde para grave], sua imunidade fica comprometida, fazendo com que o corpo desenvolva outras infecções como pneumonia bacteriana”.

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O coordenador também revelou por que o risco de pneumonia bacteriana é maior em paciente com Covid-19 em estado grave. “Ele [paciente] precisa ser internado em uma UTI, ser intubado. Dessa maneira, acaba sendo exposto e infectado por germes hospitalares, que já são bactérias e não mais o vírus da Covid-19”.

Importante!

O Dr. Monteiro fez questão de ressaltar que, para casos de Covid-19, o uso de antibióticos só é indicado para pacientes que desenvolvem infecções bacterianas. “Antibióticos não são drogas utilizadas para tratar infecções virais, que é o caso da SARS-Cov-2”, concluiu.

Saiba o que é o ECMO, a técnica de pulmão artificial usada para tratar Paulo Gustavo

Após ter uma piora no quadro de saúde, o ator Paulo Gustavo foi submetido a um procedimento de Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO), popularmente conhecido como pulmão artificial. Mas como funciona o método?

De acordo com o Relatório de Recomendação divulgado pelo Ministério da Saúde, o procedimento pode ser utilizado em casos graves em que a ventilação mecânica convencional da UTI não consegue dar conta de suprir da demanda de oxigênio para os pulmões. O paciente pode ficar com o ECMO “até que os pulmões recuperem-se e readquiram a sua função básica”, diz o artigo.

Para saber mais, acesse a reportagem especial do Olhar Digital.

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