A atual geração do iPhone não ousou muito no design, mas trouxe uma das principais mudanças nos últimos anos. Agora, o iPhone 12 possui laterais achatadas como no iPhone 5 e é compatível com 5G, novidade mais que esperada pelos usuários.

Disponível no Brasil desde novembro, o Olhar Digital testou o iPhone 12 nos últimos meses e conta, neste review, quais são as suas principais vantagens e desvantagens. E, já adiantando o fato mais comentado, a nova linha de celulares da Apple realmente não traz carregador e fone de ouvido na caixa. O preço sugerido pela Apple é de R$ 7 mil para o modelo de base.

Design

O iPhone 12 trouxe algo que muita gente esperava: novas cores. O celular está disponível em branco, preto, azul, verde e vermelho. Apesar da similaridade com as gerações anteriores, como o recorte no topo da tela, ele traz linhas mais achatadas. Os materiais principais continuam sendo o vidro nos dois lados e o alumínio nas laterais.

Por falar em vidro, a Apple afirma que a tela possui o material mais resistente do mercado (Ceramic Shield). E o celular passou muito bem por esses últimos meses com arranhões superficiais. O iPhone 12 que testamos até caiu uma vez, acidentalmente, com a tela virada para o chão de uma altura de aproximadamente 60 centímetros, mas nenhum dano foi causado.

publicidade
Ceramic Shield, informa a Apple, possui cristais de cerâmica no próprio vidro para aumentar a durabilidade. Imagem: Olhar Digital

O ponto mais perceptível com a mudança foi o tamanho do celular. Comparado a um iPhone 11 ou XR, o iPhone 12 é menor, mais fino e leve. E isso é facilmente notável para usuários desses modelos. Para efeito de comparação, o iPhone 11 possui 194 gramas, contra 164 gramas no iPhone 12, que tem ergonomia muito boa.

Na traseira, o celular também não foge muito do padrão da última geração. O módulo de câmera integra os sensores, flash e microfone, e fica em um formato quadrado no canto superior esquerdo. Ele é discreto, mas sem mudanças estéticas.

Outra pequena mudança feita pela Apple está no posicionamento das antenas no iPhone 12. Imagem: Olhar Digital

Os outros itens continuam nos mesmos lugares: botões de volume e chave para alternar entre os modos de vibração e toque na lateral esquerda; botão principal na direita; e entrada Lightning na parte inferior. Ele ainda traz certificação IP68 contra água, assim como o iPhone 11.

O iPhone 12 agrada com um visual mais sóbrio e cores leves. Inclusive, usá-lo sem nenhuma capinha é mais agradável do que o iPhone 11 exatamente por causa do tamanho.

Tela

O tamanho da tela do iPhone 12 continua o mesmo do iPhone 11: 6,1 polegadas. A diferença, porém, é que agora ela é OLED e traz resolução maior, de 2532 x 1170 pixels. É um salto de 326 ppp para 460 ppp. O brilho é mais intenso, a taxa de contraste é maior, há mais nitidez e a experiência de consumo multimídia no novo modelo confirma o notável upgrade.

Mas, novamente, a Apple decidiu não ousar tanto. Embora a tecnologia OLED esteja presente em toda a nova linha, a taxa de atualização se manteve nos 60 Hz – nada de 90 Hz ou 120 Hz. O recorte continua do mesmo tamanho, trazendo os sensores de câmera e Face ID. Ainda assim, o iPhone 12 possui bordas mais finas nos cantos da tela, que agora também são achatados. Nas gerações anteriores, os cantos são levemente curvos.

Maior resolução na tela do iPhone 12 permite que imagens sejam vistas com mais detalhes. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

Com um tamanho agradável para assistir, jogar ou simplesmente passar por feeds, o iPhone 12 teve um belo salto nesse quesito. A tela também carrega suporte para tecnologias como Dolby Vision e HDR10, o que torna vídeos, séries e filmes (compatíveis com os formatos) mais nítidos e com cores vibrantes.

Vale considerar, também, que há um sistema estéreo de alto-falantes – um na parte inferior, outro na saída de som para chamadas. O som é envolvente, alto em ambientes internos e com poucas distorções, o que ajuda bastante na experiência de consumo de vídeo. Aqui, também vale considerar o sistema háptico de vibração que varia de acordo com o conteúdo, como em jogos.

Desempenho e software

O iPhone sempre foi considerado por ter bom desempenho, e a nova geração não desaponta. O iPhone 12 traz o novo chip A14 Bionic, 4 GB de RAM e opções com 64 GB, 128 GB ou 256 GB de armazenamento interno. Apesar dos números serem “modestos” em relação a alguns celulares Android, o celular da Apple não demonstra qualquer tipo de problema durante o uso.

Os aplicativos são iniciados com velocidade e a troca entre eles é fluida. Isso se estende tanto para apps de redes sociais, jogos, e-mail, utilitários e outros, quanto para coisas do próprio sistema. A câmera também é iniciada e captura fotos muito rapidamente, assim como o Face ID faz leituras rápidas para desbloqueio do celular e em apps de terceiros. Em apps de edição de imagem (foto e vídeo), o tempo de renderização também é acelerado.

Leia mais:

Para quem busca um iPhone recente e com bom desempenho, o iPhone 12 é fácil de ser recomendado entre as opções disponíveis. Mas, aqui, há um detalhe: o iPhone 11, com o A13 Bionic, também é bastante rápido. A diferença de uso real entre eles é pouco perceptível, especialmente para quem já possui um iPhone de geração anterior.

Desempenho do iPhone 12 é um dos mais consistentes da linha atual da Apple. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

Dessa forma, também vale citar que o iPhone 12 tem o grande potencial de continuar com bom desempenho por, pelo menos, os próximos três ou quatro anos. O atual iOS 14, por exemplo, suporta até o iPhone SE (1ª geração), lançado em 2016.

O próprio iOS 14, em si, também é uma boa adição à nova geração do iPhone. A atualização (finalmente) traz widgets para a tela inicial e uma biblioteca de apps, e ganhou mudanças visuais que tornam a experiência mais limpa – as chamadas e a Siri, por exemplo, agora aparecem em pequenos pop-ups.

Bateria

O iPhone 12 traz uma bateria com 2.815 mAh de capacidade, o que representa um downgrade numérico em relação ao iPhone 11, que tem 3.110 mAh de capacidade. Por outro lado, a autonomia foi satisfatória. Em uso regular, o celular conseguiu segurar cargas por um dia inteiro, resultando em médias de até 7h de tela ligada por dia.

Um ponto que merece destaque é o gerenciamento de energia. Em uso mais moderado, com média de tela ligada também de até 7h, fomos capazes de usá-lo por quase dois dias inteiros. Isso, claro, considerando que o aparelho entrou “em descanso” em diversos momentos, o que poupou energia.

Já a taxa de descarga com jogos online foi de -16% por hora, enquanto o consumo de filmes e séries via streaming resultou em -14% por hora. É uma média relativamente boa, mas um pouco alta para consumo de conteúdo multimídia para uma tela OLED.

Bem como sabemos, não há um carregador na caixa do iPhone 12. E isso pode ser frustrante para alguns, visto que o cabo que acompanha o celular é USB-C para Lightning – o modelo “padrão” é USB-A. Sendo assim, nós testamos a recarga do iPhone 12 com três carregadores diferentes, com potências de 61W, 10W e 5W. O resultado foi esse:

  • Após 5 min.: 7% (61W); 5% (10W) 3% (5W)
  • Após 10 min.: 25% (61W); 12% (10W); 6% (5W)
  • Após 15 min.: 37% (61W); 17% (10W); 9% (5W)
  • Após 30 min.: 62% (61W); 33% (10W); 18% (5W)
  • Após 1h: 87% (61W); 63% (10W); 36% (5W)
O iPhone 12 suporta carregadores rápidos, mas não traz o acessório na caixa. Imagem: Apple/Reprodução

O carregamento completo varia bastante de acordo com os carregadores. Quando atinge os 95%, o iPhone 12 tende a reduzir bastante a velocidade de carregamento para preservar a vida útil do componente. Com o carregador de 61W, os 95% de carga foram atingidos após 1h05 no carregador; com o de 10W, o tempo foi de 1h50; por fim, com o de 5W, os 95% foram batidos em 2h50.

Vale notar que dois desses carregadores que utilizamos nos testes são USB-A, e apenas um (o de 61W) utiliza o padrão USB-C. Ou seja, caso o usuário queira um carregador potente para usar no novo iPhone, precisará comprar um novo. E os preços sugeridos pela Apple não são dos mais baixos: para os modelos oficiais com 5W (USB-A) ou 20W (USB-C), o preço é o mesmo de R$ 199.

Mas, claro, há mudanças. O novo iPhone traz de volta o MagSafe, que estreou nos MacBooks. A tecnologia utiliza imãs para conectar acessórios de carregamento por indução ao celular. Um carregador MagSafe padrão, com potência de 15W, custa R$ 499. A tecnologia também vem sendo usada para outros acessórios, como “mini carteiras” que se acoplam na traseira do iPhone 12.

Câmeras

Em termos técnicos, as câmeras do iPhone 12 não mudaram muito em relação ao iPhone 11. Ele continua com dois sensores de 12 MP, sendo um tradicional e outro grande-angular, com aberturas de f/1.6 e f/2.4 nas lentes, respectivamente – na lente principal do iPhone 11, a abertura é de f/1.8. Na frontal, a câmera também possui 12 MP (f/2.2).

Assim como em anos anteriores, a Apple fez melhorias significativas internamente. Atreladas ao novo chip de processamento, elas habilitam o novo HDR Inteligente 3 e o Deep Fusion, que promete melhorar a nitidez das imagens, em todas as câmeras.

Foto com câmera principal do iPhone 12. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Foto com câmera principal do iPhone 12. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Foto com câmera grande-angular do iPhone 12. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Foto com câmera grande-angular do iPhone 12. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

Todas essas mudanças “pequenas”, como um foco mais rápido, resultam em mais recursos e melhor experiência. Por exemplo, os cliques mais rápidos são feitos com mais facilidade e sem zonas tremidas. As fotos em locais de baixa luminosidade também são mais nítidas, graças a uma lente mais clara.

No geral, quase todas as imagens que capturei com o iPhone 12 ficaram com boa qualidade. Até mesmo fotos contra o sol ficam com sombras bem preservadas, cores vibrantes e bom alcance dinâmico. É, em resumo, o iPhone mais fácil para fazer fotografias, e muito desse mérito fica com o novo HDR.

Fotografia feita contra o sol com o iPhone 12. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Fotografia feita contra o sol com o iPhone 12. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

Também é interessante ver que as imagens trazem um pouco mais de saturação, mas nada que seja comparável aos celulares da Samsung, por exemplo. Por ser mais “tímida” essa mudança, usuários do iPhone 11 podem notar pouca diferença. Quem vem de modelos anteriores, ela pode ser bem mais perceptível.

Textura de objetos nas fotografias do iPhone 12 são preservadas, assim como o aspecto mais próximo do natural das cores. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Fotografia próxima ao objeto principal da cena com iPhone 12. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital
Fotografia próxima ao objeto principal da cena com iPhone 12. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

Em cenários mais desafiadores, como os de baixa luz, o iPhone 12 também possui bom desempenho. Com destaque para a câmera principal, a maior entrada de luz faz com que os objetos fiquem bem definidos, mesmo os mais distantes, e a imagem mais clara.

Por outro lado, a lente grande-angular tem mais dificuldade e perde nitidez em cenários do tipo. No entanto, com fontes de luz mais próximas, a lente ultra-angular também faz boas fotos. A Apple também traz um modo retrato para fotografias noturnas na nova geração.

Outro ponto destacado pela Apple nesta lente mais ampla é a correção de cantos distorcidos. A solução não é exatamente perfeita, já que os cantos ainda ficam distorcidos, mas traz uma perspectiva mais centralizada. Esse mesmo recurso está disponível na câmera frontal, que ajusta o zoom (digital) nas imagens.

O HDR Inteligente 3 também está disponível na câmera frontal, que assim como nas outras lentes faz fotografias com cores vibrantes e uma boa gama de detalhes, também preservando a textura dos objetos. Por outro lado, essa câmera teve mais dificuldades em ambientes com muita luminosidade, resultando em regiões estouradas em algumas fotos.

Selfie com iPhone 12. Imagem: Wellington Arruda/Olhar Digital

O iPhone 12 também continua sendo um bom celular para gravar vídeos. A estabilização funciona muito bem, as cores são bem representadas e vibrantes, além da nitidez das imagens, que é notável. A novidade, aqui, é que ele é capaz de gravar com HDR Dolby Vision (também na frontal), algo mais que bem-vindo para quem costuma editar vídeos gravados com o celular. Ele pode gravar em resoluções de até 4K com 60 fps na câmera traseira, e com até 30 fps na frontal.

Vale a pena?

Para quem busca um celular muito ágil para praticamente qualquer atividade, o iPhone 12 é um celular que pode ser facilmente indicado. Mas essa sensação de rapidez pode ser mais nítida para usuários do iPhone X ou XR para trás. A partir do iPhone 11, ela fica mais clara na câmera ou no gerenciamento de energia, ou em recursos como o MagSafe – além do design mais quadrado.

No geral, ele tem uma ótima tela, mas que possui taxa de atualização de 60 Hz; tem ótimas câmeras, assim como o Galaxy S21; desempenho mais que sólido e software polido. E como a Apple mantém um ciclo longo de atualizações, o iPhone 12 é, seguramente, um potencial modelo para quem não curte trocar de celular todo ano.

Mas tudo isso tem um preço alto no Brasil: a partir de R$ 7 mil para esse modelo que testamos. A versão Pro, com alguns adicionais como o sensor LiDAR para as câmeras, custa a partir de R$ 10 mil. E, claro, isso sem contar o carregador, que foi retirado da caixa da nova linha pela Apple por questões ambientais, como ela vem destacando fortemente.

Ah, claro! O iPhone 12 possui compatibilidade com o 5G – inclusive, com o padrão DSS adotado atualmente no Brasil. Mas nós não pudemos testar a tecnologia por falta de disponibilidade na região. Quem sabe numa próxima geração?