Dois satélites – um da SpaceX e outro da OneWeb – evitaram uma colisão séria graças ao uso de manobras evasivas por parte de ambas as empresas em 4 de abril de 2021. O relato veio a público apenas agora, mas no referido dia, vários “alertas vermelhos” acionaram o 18º Esquadrão de Controle da Space Force dos EUA, que notificaram as empresas de um possível choque entre os objetos.

Segundo o esquadrão, as rotas dos dois satélites indicavam que eles passariam a cerca de 190 pés (pouco mais de 27,43 metros) de distância um do outro, com probabilidade de colisão marcada em 1,3%. Os números parecem baixos, mas em termos de navegação espacial, existe razão para preocupações: o episódio aconteceu cinco dias após a OneWeb lançar 36 satélites da Rússia e, pelo fato de seus objetos ficarem a uma altura maior do que os da SpaceX, durante o trajeto, eles inevitavelmente cruzam rotas a milhares de quilômetros por hora. Basicamente, sem uma detecção antecipada, o choque é certeiro.

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Satélite da SpaceX (foto) quase se chocou com um da concorrente OneWeb em abril deste ano.

Na imagem: um satélite da SpaceX flutuando com a Terra ao fundo.
Os satélite da SpaceX são posicionados a uma altura inferior aos da concorrente OneWeb, o que inevitavelmente faz com que eles cruzem caminhos de tempos em tempos. Imagem: AleksandrMorrisovich/Shutterstock

De acordo com a SpaceX, seus satélites contam com um sistema autônomo de detecção de choque contra corpos em seus caminhos, mas a fim de evitar a pancada, a empresa desligou o recurso no dia, permitindo que a OneWeb quem fizesse uma alteração de curso. Sobre isso, não houve qualquer comentário por parte da empresa de Elon Musk.

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“Esse episódio foi um bom exemplo de como operadores de satélites podem ser responsáveis, considerando as restrições globais de melhores práticas”, disse Diana McKissock, líder do time de compartilhamento de dados e segurança de voos espaciais da Space Force. “Eles compartilharam informações entre si, se contactaram, e eu penso que, na ausência de uma regulamentação global, isso é simplesmente a arte do possível”.

Apesar dos elogios, a situação chamou a atenção de especialistas, reacendendo uma discussão de longa data: a regulamentação governamental para que empresas tenham algum limite ou fiscalização do uso do espaço no… espaço: enquanto a OneWeb conta com 146 satélites em órbita, a SpaceX já posicionou 1.378, e ambas as empresas já foram criticadas no passado por potencialmente contribuírem com o aumento do lixo espacial.

Em dezembro, a empresa de comunicações Viasat chegou a pedir à FCC, o órgão regulatório das telecomunicações nos EUA, que investigasse a empresa de Elon Musk, acusando-a de contribuir com a criação de objetos que podem, eventualmente, gerar colisões na órbita terrestre. Na época, Musk fez o que faz de melhor: xingou muito no Twitter, afirmando que a “ameaça” da SpaceX seria, na verdade, aos lucros da Viasat.

Vale lembrar que o plano da SpaceX é o de lançar 10 mil satélites – que funcionam como a estrutura da oferta de internet Starlink – dentro desta década, algo que alguns especialistas não enxergam com bons olhos.

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