O economista ambiental e professor da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, Nikolaos Zirogiannis, realizou um estudo para quantificar quantas pessoas morrem quando grandes poluidores, como a indústria do petróleo, emitem mais poluentes do que é permitido por legislações estaduais dos EUA.

Para efeitos estatísticos, a equipe focou no estado do Texas, onde existe um grande número de fábricas de combustíveis fósseis. Além disso, o estado também tem um grande número de fábricas de produtos químicos e regulamentações bastante flexíveis em relação à emissão de poluentes.

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“O Texas é o único estado do país que possui requisitos mais detalhados de manutenção de registros para esses tipos de emissões”, declarou Zirogiannis ao portal estadunidense The Wired. Ele e sua equipe analisaram relatórios de 15 anos, bem como estatísticas de mortalidade e dados de monitores locais de medição da qualidade do ar. Com base nesses dados, eles concluíram que 35 idosos morrem por ano por conta do excesso de emissão de poluentes.

Sem excesso, sem mortes

Segundo a equipe de Zirogiannis, essas mortes não teriam acontecido caso todos os poluidores fossem mantidos dentro dos limites permitidos de emissão de poluentes. “Este é um número muito alto”, diz o economista, “porque é um número que vem apenas dessas superações”.

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Segundo Zirogiannis, o número de mortes por excesso na poluição subiu entre os idosos. Crédito: Freepik

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores isolaram o grau em que elas aumentaram os níveis de ozônio no solo, um agente poluente que pode causar problemas cardíacos e surtos de doenças respiratórias. “Há uma grande quantidade de literatura ligando níveis elevados de ozônio à mortalidade respiratória e cardiovascular”, disse Joan Casey, pesquisadora de saúde ambiental da Universidade de Columbia, que não participou do estudo.

O aumento do ozônio no solo pode elevar o número de ocorrências de infartos, derrames, ataques de asma e da doença pulmonar crônica. 

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Papel do ozônio

Como refinarias de petróleo, instalações de gás natural, fábricas de produtos químicos e usinas de geração de energia dificilmente são sistemas fechados, interrupções, sejam programadas ou não, em seu funcionamento geram emissões incomuns de substâncias como óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e dos chamados compostos orgânicos voláteis (VOCs).

Cada uma dessas substâncias pode ser perigosa sozinha, mas em uma atmosfera que recebe muita luz solar, como é o caso da paisagem árida texana, esses produtos também contribuem para a formação de ozônio ao nível do solo. Por isso, a equipe fez a ligação entre a poluição do ar industrial e picos nos níveis locais de ozônio coletando relatórios na Comissão de Qualidade Ambiental do Texas para os anos entre 2002 e 2017.

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Esses dados mostraram quando, onde e por que as liberações foram feitas e que tipo de poluição química estava envolvida. Em seguida, eles conseguiram encontrar uma correlação entre a liberação de óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono e VOCs com saltas nas leituras de ozônio monitorados pela Agência de Proteção Ambiental do estado.

Ligação com as mortes

Mas, ao mesmo tempo, havia a dúvida se esses picos acompanhavam um aumento no número de mortes entre pessoas que viviam nas proximidades. Então, a equipe coletou 15 anos de dados do Centro de Controle de Doenças (CDC) sobre as taxas de mortalidade cardiovascular e respiratória no Texas, com os dados divididos por condado e por mês.

Na maior parte das faixas etárias, não foi encontrada nenhuma evidência significativa de que o número de mortes aumentou com o excesso de emissões. Porém, os idosos, com destaque para maiores de 85 anos, existia uma ligação direta, segundo Zirogiannis. No geral, um aumento de 10% nos níveis regionais de ozônio provocou uma subida de 3,9% na taxa de mortalidade entre os idosos.

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