Seu sotaque é sua identidade, mas alguns macacos parecem não saber disso. Um estudo descobriu que na Amazônia brasileira esses animais são capazes de adquirir novos “sotaques” para serem mais amigáveis com os vizinhos da mesma espécie.

Os pesquisadores observaram quinze grupos de duas espécies diferentes, o sauim-de-coleira e o sagui-de-mãos-amarelas, dois tipos de saguis. Os dois macaquinhos têm desde o nascimento um repertório de vocalizações limitado, que varia entre avisos contra predadores e chamados para acasalamento.

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Mesmo falando “idiomas” parecidos, as espécies se comunicam de maneira ligeiramente diferente. Algo como o português brasileiro e o português europeu. Mas, quando os macacos passam a compartilhar o mesmo ambiente, os saguis-de-mãos-amarelas, com maior flexibilidade vocal, mudam frequência e a duração dos chamados para soar como seus primos.

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O professor Jacob Dunn, da Universidade de Cambridge, é o principal autor do estudo, que contou com a participação de pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Segundo ele, essa mudança de “sotaque” ajuda as espécies a se entenderem e regular disputas territoriais.

Os saguis-de-mãos-amarelas têm mais flexibilidade vocal. Imagem: Ondrej Chvatal/Shutterstock

“Os cantos dos saguis-de-mãos-amarelas se tornam muito mais parecidos com os do sauim-de-coleira. Achamos que a razão deles fazerem isso é porque quando se está nesta área compartilhada com uma espécie intimamente relacionada, é muito provável que haja competição por recursos, por terem uma dieta semelhante e requisitos de habitat”, disse Dunn.

Apesar de alterarem o modo de vocalizar os sons, esses macacos não conseguem aprender novas maneiras de se comunicar, acrescentou o professor. Eles conseguiram identificar as adaptações nas falas dos animais comparando gravações do perfil acústico, ou cantos, das espécies em três locais.

“Eles podem tornar a chamada mais longa ou um pouco mais alta ou mais baixa, ou um pouco mais dura ou um pouco mais tonal. Eles podem mudar um pouco o ruído, mas essencialmente ainda estão dizendo as mesmas ‘palavras'”, explicou Dunn.

O estudo foi publicado no início do mês de maio na revista Behavioral Ecology and Sociobiology.

Via: Business Insider / The Guardian

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