De acordo com um estudo publicado no mSystems, um jornal de acesso aberto da American Society for Microbiology, é possível monitorar variantes do SARS-CoV-2 fazendo o sequenciamento do genoma viral de águas residuais, ou seja, águas do esgoto.
“A amostragem de águas residuais e a vigilância ambiental fornecem uma imagem rápida e precisa do que está acontecendo com o coronavírus na população humana. A maioria das pessoas infectadas, mas não apresentando sintomas, não está sendo testada para o vírus.
A amostragem de águas residuais fornece informações sobre todas as pessoas, incluindo indivíduos assintomáticos, para que reflita melhor a circulação do vírus entre os humanos”, disse o investigador principal do estudo, Javier Martin, Ph.D., biólogo da Divisão de Virologia.
“[Com] amostragem ambiental e genoma viral o sequenciamento fornece uma imagem menos tendenciosa dos padrões de circulação do vírus entre os humanos, como as diferentes variantes predominam com o tempo e como ocorrem as mudanças na predominância da cepa”, acrescentou o biólogo.
Segundo os pesquisadores, a detecção e a quantificação da variante B.1.1.7, identificada pela primeira vez no Reino Unido, surgiu em amostras de esgoto de Londres antes que a transmissão generalizada da variante aparecesse em casos clínicos, sendo detectada pela equipe ainda em novembro de 2020. Além disso, a frequência de mutações relacionadas à variante aumentou 95% no mesmo mês de 2021, o que corrobora com o aumento das infecções pela cepa nesta época.
“Aqui, mostramos como a vigilância ambiental para SARS-CoV-2 pode ser usada para nos ajudar a entender os padrões de transmissão do vírus e fornecer um alerta precoce de variantes que se tornam prevalentes na população”, ressaltou o especialista.
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Métodos
De acordo com o Medical Xpress, para conseguir realizar o sequenciamento das águas, a equipe analisou amostras do esgoto de Londres entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021. Foi necessário separar o material genético da SARS-CoV-2 dos bilhões de bactérias e vírus que as pessoas excretam todos os dias e, assim, constatar a presença do vírus.
“Quando recebemos uma amostra, nós a concentramos usando métodos padrão e, em seguida, usamos a amplificação por PCR e o sequenciamento de próxima geração visando diferentes regiões do genoma para detectar diferentes assinaturas genéticas características das diferentes variantes conhecidas”, explicou o Dr. Martin, que acredita que a pesquisa pode ajudar no controle da pandemia e, até, no desenvolvimento de futuras vacinas.
“Continuaremos monitorando as diferentes variantes com foco naquelas com potencial de alta transmissibilidade e/ou propriedades de evasão imunológica. Nossos resultados contribuem para um melhor controle da epidemia e futuras mudanças no desenho da vacina, se necessário”, finalizou.
Fonte: Medical Xpress
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