No final de 2019, os astrônomos de todo o mundo ficaram surpresos quando Betelgeuse, uma das estrelas mais brilhantes do céu, escureceu por vários meses. Os rumores eram de que a estrela estava quase se tornando uma supernova, só que isso não aconteceu.

A novidade é que as imagens recém-lançadas tiradas antes e durante o “grande escurecimento” indicam o que pode ter ocorrido: a superfície da estrela esfriou e disparou uma nuvem de poeira que bloqueou temporariamente sua luz.

“Esta é a melhor interpretação que podemos obter com os dados que temos, sem voar em nossa espaçonave para Betelgeuse e ver o que está acontecendo lá”, explicou a astrofísica Emily Cannon de KU Leuven, na Bélgica.

Cannon e seus colegas usaram o instrumento SPHERE no Very Large Telescope do European Southern Observatory, no Chile, para tirar fotos de Betelgeuse por mais de um ano. E por acaso, capturaram uma imagem da estrela em janeiro de 2019, sendo que isso foi meses antes do início do escurecimento. Assim, foi possível comparar a imagem com outras tiradas em dezembro de 2019 e janeiro e março de 2020.

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Crédito: Shutterstock

O escurecimento não foi espalhado uniformemente pela superfície de Betelgeuse. Os pesquisadores fizeram simulações do computador da estrela e incluíram a incorporação de como bolhas de gás dinâmicas se agitam sob sua superfície, para descobrir a explicação mais provável para a forma como o escurecimento ocorreu.

As observações anteriores da estrela dividiram os astrônomos em dois campos: um grupo pensou que uma nuvem de poeira havia bloqueado a luz de Betelgeuse e outro pensou que não havia evidência suficiente de poeira, e o escurecimento era devido ao resfriamento temporário na superfície de Betelgeuse.

Com as anotações do final ainda do ano de 2019, a hipótese segue sendo que uma onda fria temporária que se formou no hemisfério sul de Betelgeuse devido à agitação normal do plasma da superfície, e esse resfriamento fez com que a luz da estrela diminuísse. A mancha de frio permitiu que o gás que havia sido liberado da superfície da estrela esfriasse o suficiente para formar partículas de poeira, que bloquearam ainda mais a luz da estrela.

Porém, alguns astrônomos ainda não estão convencidos de que a poeira seja parte da resposta. Isso porque as imagens mais as simulações não provam que a poeira estava lá, destacou a astrofísica Thavisha Dharmawardena do Instituto Max Planck de Astronomia em Heidelberg, Alemanha: “Essa discussão continuará até que obtenhamos evidências diretas da poeira.”

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Além disso, os pesquisadores concordam que o Atacama Large Millimeter Array no Chile possa resolver o impasse. O telescópio estava fora de serviço no verão passado devido à pandemia da Covid-19 e mais observações estão programadas para este verão, se ainda houver poeira.

De acordo com Levesque, as observações de Betelgeuse podem ajudar os astrônomos a reconhecer eventos semelhantes de escurecimento em outras estrelas. Pois Betelgeuse é a estrela supergigante vermelha mais próxima da Terra, uma fase tardia do ciclo de vida estelar que vem antes da explosão de uma supernova. Embora a poeira não preveja uma explosão, pode ser parte de como essas estrelas perdem massa antes de morrer.

Fonte: Science News

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