Um grupo de pesquisadores da Universidade Clemson, nos Estados Unidos, está testando um novo tratamento experimental que utiliza proteínas de fusão que agem como “assassinos naturais”, auxiliando o sistema imunológico humano a combater o câncer de mama. A ideia é usar essa proteína de fusão para fazer uma ponte entre células assassinas naturais e células tumorais de mama, o que pode garantir um tratamento mais eficaz contra esse tipo de tumor.

“Se as duas células são aproximadas o suficiente por meio dessa conexão de ligante receptor, as células assassinas naturais podem liberar o que chamo de ‘maquinário mortal‘ para matar as células tumorais”, explica o professor do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências de Clemson, Yanzhang “Charlie” Wei, ao Medical Xpress. Essa é uma abordagem para o desenvolvimento de uma imunoterapia específica para o câncer de mama, o que pode levar a novos tratamentos.

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O câncer de mama é considerado o tipo de câncer mais comum do mundo e a segunda principal causa de morte entre as mulheres. Estimativas feitas por pesquisadores dos Estados Unidos apontam que uma a cada oito mulheres e um a cada 1.000 homens do país, deve desenvolver um tumor de mama invasivo durante suas vidas.

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Imunoterapia x triplo-negativos

câncer de mama
“Triplo-negativo” corresponde a 20% dos casos de câncer de mama e é o tipo mais agressivo de tumor. Crédito: Gorodenkoff/Shutterstock

A imunoterapia é um tipo de tratamento promissor para o câncer, já que ela aproveita o poder do sistema imunológico para atacar as células cancerosas. “O sistema imunológico pode reconhecer essas células anormais e destruí-las antes que se tornem células cancerosas”, detalha Wei. “Infelizmente, para aqueles que desenvolvem câncer, o sistema imunológico não está funcionando muito bem por causa de mutações genéticas e fatores ambientais”.

O subtipo mais agressivo e letal de câncer de mama é o chamado “triplo-negativo”, que não oferece receptores de estrogênio, progesterona ou do fator de crescimento epidérmico. Esses receptores são o principal alvo das terapias convencionais contra o câncer de mama. “Quando as pessoas são diagnosticadas com câncer de mama, e isso é chamado de triplo-negativo, não é uma boa notícia”, disse Wei. “Isso tem o potencial de dar aos pacientes outra opção”, explica Wei.

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A pesquisa de Wei e sua equipe almejam o ataque aos receptores de prolactina, que é um hormônio natural do corpo e desempenha um papel importante no crescimento mamário e na produção de leite durante a amamentação, esses receptores são superexpressos quando expostos às células do câncer de mama. Mais de 90% das células de câncer de mama expressam receptores de prolactina, incluindo as células de câncer do subtipo triplo-negativo.

Potenciais riscos

Yanzhang “Charlie” Wei agora busca financiamento para a realização de testes em modelos animais. Crédito: Clemson University

“Uma das coisas que as células tumorais fazem é inibir a ativação de células assassinas naturais, então usamos essas proteínas bifuncionais artificiais para conectar células assassinas naturais e ativá-las para aumentar a morte das células do câncer de mama sem aumento da citotoxicidade”, disse Wei. Agora, o pesquisador busca financiamento para um estudo de modelo animal para confirmar os resultados.

Porém, uma grande questão é se a proteína bifuncional levará as células assassinas naturais a atacar células saudáveis do corpo, que também expressam receptores de prolactina e os matam, o que pode causar graves efeitos colaterais. Porém, se os testes com modelos animais forem bem-sucedidos, o novo tratamento pode passar para a próxima fase, que são os ensaios clínicos em humanos.

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