Em 19 de junho de 1898, o ítalo-brasileiro Afonso Segreto registrou as primeiras imagens em movimento no Brasil. O pioneiro filmou sua chegada de navio à Baía de Guanabara e o material foi considerado um marco no audiovisual brasileiro e data virou o Dia do Cinema Nacional. Aproveitando a efeméride, selecionamos dez filmes nacionais feitos na última década que estão disponíveis nas principais plataformas de streaming.

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‘As boas maneiras’ (Telecine Play)

Uma pequena mão de lobisomem é segurada por uma mão humana.
Filme vai além do gênero terror e traz também conteúdo social. Crédito: Imovision/Divulgação

Ana (Marjorie Estiano), mãe solteira grávida e moradora de bairro nobre, contrata Clara (Isabél Zuaa) para auxiliar nas tarefas domésticas e ajudar na gestação. A empregada negra a obrigada a dormir na casa da patroa branca e, a despeito da exploração no trabalho, as duas acabam desenvolvendo uma relação de afeto. É um filme sobre contrastes sociais e de cor, mas também é um horror. À semelhança do que acontece em ‘O bebê de Rosemary’, a gravidez desperta reações estranhas na futura mãe, como aparentes surtos psicóticos. Para completar, o bebê que nasce é um lobisomem, e falar mais pode estragar o filme.

‘Axé: canto do povo de um lugar’ (Netflix)

A depender do ano em que você nasceu, são grandes as chances de cantarolar algumas das músicas que tocam em ‘Axé: canto do povo de um lugar’. Neste agradável documentário é possível acompanhar as origens do axé music a partir dos depoimentos de quem acompanhou de perto o desenvolvimento do gênero. Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Bell Marques e Gilberto Gil são alguns dos entrevistados na produção, que aborda também a perda de popularidade do axé nos últimos anos.

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‘Bingo: o rei das manhãs’ (Telecine Play)

A vida de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo, foi ficcionalizada e recontada no em ‘Bingo: o rei das manhãs’. O protagonista é Augusto (Vladmir Brichta), um frustrado ator de pornochanchadas que vai trabalhar como apresentador de programa infantil no papel do palhaço Bingo. Ao finalmente alcançar sucesso profissional, Augusto segue frustrado por não poder revelar sua identidade, por uma questão contratual. Ascensão e queda, referências pop dos anos 80 e muito mais estão presentes no longa.

‘Como nossos pais’ (Netflix)

Maria Ribeiro e Paulo Vilhena em cena do filme Como nossos pais.
Filme é escrito e dirigido por Laís Bodanzky, de ‘Bicho de sete cabeças’. Crédito: Netflix/Divulgação

Apesar do título e de a célebre música fazer parte da trilha sonora, o filme não é uma tentativa de adaptar a ‘Como nossos pais’. Porém, algumas das questões presentes na letra de Belchior estão presentes no roteiro. Ao longo da história, acompanhamos Rosa (Maria Ribeiro), mulher de classe média sobrecarregada de trabalho e de obrigações familiares. O marido, Eduardo (Paulo Vilhena) é uma das fontes de sua insatisfação, já que é ausente nas tarefas domésticas e dá também sinais de infidelidade. As inquietações da protagonista, que incluem também questões com a mãe e com o pai, desperta reflexões sobre a estrutura familiar patriarcal, monogamia e outros tópicos. Um filme extremamente sensível e tocante.

‘Divórcio’ (Netflix)

Camila Morgado segura espingarda em cena do filme Divórcio, com personagem de Murilo Benício em segundo plano, observando a situação.
Comédia foge dos cenários urbanos habituais é ambientada em Ribeirão Preto. Crédito: Warner Bros./Divulgação

Nem toda comédia sobre desencontros amorosos é romântica e ‘Divórcio’ deixa o romantismo em segundo plano para abordar os piores aspectos de uma separação. O casal a se divorciar é formado por Júlio (Murilo Benício) e Noeli (Camila Morgado), que levam uma vida relativamente tranquia e confortável, mas aparentemente sem paixão. A decisão de se divorciar leva os dois a uma disputa pelos bens e pela guarda dos filhos, em uma briga repleta de situações absurdas. É uma comédia acima da média, mesmo que ainda recorra a alguns clichês do gênero.

‘Mussum: um filme do cacildis’ (Prime Video)

Documentário aborda vida pessoal e trajetória do artista na música e no humor. Crédito: Globofilmes/Divulgação

Um dos mais carismáticos comediantes do Brasil e provavelmente o mais lembrando entre ‘Os Trapalhões’, Mussum tem a trajetória recontada neste documentário cheio de afeto. Narrado por Lázaro Ramos, o filme acompanha a vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes desde antes de ganhar o célebre apelido. A produção também aborda um lado hoje menos lembrado do artista, com sua carreira musical como vocalista no grupo Os Originais do Samba.

‘No coração do mundo’ (Google Play Filmes, iTunes)

Trama acompanha personagens da periferia de Contagem (MG) planejando um roubo. Crédito: Canal Brasil/Divulgação

Um filme de assalto com cara de Brasil. Ambientada na cidade mineira de Contagem, a trama acompanha os amigos Selma (Grace Passô) e Marcos (Leo Pyrata) que, após inúmeros fracassos profissionais, enxergam como única saída realizar um roubo ambicioso. Apesar da temática, os momentos de ação, e do roubo propriamente dito, aparecem a partir da segunda metade do filme, antes desenvolve bem seus personagens. Merece destaque a atuação de MC Carol, que rouba a cena sempre que entra em tela.

‘O animal cordial’ (Netflix)

Murilo Benício empunha arma em cena de O animal cordial, ao lado de Juliana Paes
Atuação de Murilo Benício e Juliana Paes é um dos destaques do longa. Crédito: RT Features/Divulgação

O horror no cinema muitas vezes serve como ferramenta de crítica social e é exatamente isso que ‘O animal cordial’ entrega. O filme se passa inteiramente no interior de um restaurante de classe média que sofre um assalto que acaba frustrado pelo dono do lugar Inácio (Murilo Benício). Ao sacar uma arma escondida no balcão, ele rende os assaltantes, mas prefere não acionar a polícia e acaba fazendo todos de reféns, inclusive funcionários e clientes. Violento e angustiante, o filme não poupa sangue, mas talvez evidencie principalmente a brutalidade dos discursos e comportamentos dos personagens.

‘Turma da Mônica: laços’ (Telecine Play)

O universo dos quadrinhos de Mauricio de Sousa é tão singular que parecia difícil transportar esses personagens para uma versão com atores. No entanto, a adaptação da turminha para tela grande, com um elenco de carne e osso, funcionou tão bem que uma continuação será lançada em 2021. Embora as crianças sejam o público-alvo, o filme agrada audiências mais maduras que conhecem a Turma da Mônica. E o elenco infantil é um grande trunfo.

‘Uma quase dupla‘ (Telecine Play)

Tatá Werneck (Keyla) e Cauã Reymond (Claudio) em cena de Uma quase dupla.
Produção emula a dinâmica de duplas improváveis de comédias policiais. Crédito: Paris Filmes/Divulgação

Subgênero pouco explorado no cinema nacional, a comédia policial é bem traduzida nessa produção estrelada por Tatá Werneck e Cauã Reymond. A humorista é investigadora durona Keyla que vai ajudar o subdelegado Claudio a solucionar uma série de assassinatos na cidade de Joinlândia. Despretensioso e abobalhado, o filme conquista pelo carisma de Tatá Werneck e surpreende também com veia cômica que Reymond exibe.