O Exército Brasileiro aprovou um orçamento de R$ 3,9 milhões para o desenvolvimento de um jogo para videogames, com o objetivo de popularizar as forças militares do Brasil entre os jovens gamers. Batizado de “Missão Verde-Oliva”, o game ainda não teve detalhes de seu enredo ou previsão de data de lançamento divulgados, mas atraiu algumas críticas por ter seu desenvolvimento anunciado em um momento que o governo pratica uma política de contenção de gastos.

O projeto de Missão Verde-Oliva foi divulgado pelo jornal “Folha de S. Paulo” há cerca de um ano, e visa colocar o Exército no mapa de um mercado com 76 milhões de consumidores e que movimenta quase R$ 10 bilhões só aqui no Brasil. Além disso, a força também busca atrair os jovens para que eles possam, eventualmente, se interessar por integrar as Forças Armadas.

O projeto do jogo é livremente inspirado em “America’s Army”, uma franquia de jogos de tiro em primeira pessoa desenvolvida pelo exército dos Estados Unidos em parceria com a Ubisoft e os estúdios da Sega em São Francisco. America’s Army foi lançado originalmente em 2002 e teve três sequências, lançadas em 2003, 2009, 2013, além de dois Spin-offs exclusivos para Xbox e Xbox 360 e um jogo para celular lançado em 2007.

“Missão Verde-Oliva” deve ser livremente inspirado em “America’s Army”. Crédito: Steam/Divulgação

A ferramenta de propaganda do Exército americano já custou nada menos que R$ 200 milhões em seus mais de 22 anos de desenvolvimento. Porém, esse não foi o único esforço de propaganda das forças dos EUA, que, comumente, patrocinam filmes, seriados de televisão e até eventos esportivos, prática que não é adotada pelo Exército Brasileiro.

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Orçamento apertado

Apesar de o valor de quase R$ 4 milhões parecer alto e ser o dobro do investido pelo Ministério da Defesa com o apoio à presença brasileira na Antártida e ser equivalente ao que foi aplicado em pesquisa aeroespacial em 2020, o orçamento é relativamente baixo para o desenvolvimento de um jogo com boa qualidade gráfica e uma jogabilidade agradável.

“A sensação é de que o investimento é um risco enorme. Não há como construir um jogo com qualidade gráfica realística AAA. O escopo, utilizando um orçamento limitado como este, é também limitado”, disse o presidente do estúdio de games brasileiro Kokku, à Folha de S. Paulo. Segundo ele, para começar o desenvolvimento de um jogo que saia do segmento dos “indies”, porém, ainda assim, as expectativas precisam ser bem baixas em relação ao resultado.

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O plano do Exército Brasileiro é licitar uma empresa nacional de desenvolvimento de jogos até o fim de 2021. O valor separado para investimento neste ano é de R$ 875 mil. O plano prevê que outros R$ 1,4 milhão sejam gastos no desenvolvimento em 2022 e mais R$ 1,1 milhão em 2023. Neste mesmo ano, o exército deve investir R$ 263 mil no suporte ao projeto, valor que cai para R$ 66 mil em 2024, R$ 58 mil em 2025 e R$ 55 mil, em 2026.

“Para os demais anos, o chefe do Centro de Comunicação Social do Exército deverá buscar possíveis parcerias com as empresas estratégicas de defesa para a viabilização de patrocínio”, disse o Estado-Maior do Exército, em portaria divulgada no último dia 25 de maio.

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