Sete em cada dez empresas eletroeletrônicas estão entre as mais atingidas na crise de abastecimento na indústria. A situação vem provocando atrasos e até paralisações em parte da produção. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), 73% das companhias associadas relatam dificuldades na aquisição de componentes

Empresas eletroeletrônicas estão entre as mais atingidas na crise de abastecimento na indústria. Imagem: Silvina Frydlewsky – Flickr

Em março, o porcentual de fabricantes que enfrentavam dificuldade na compra de insumos chegou a cair para 66%, representando um breve sinal de melhora. Mas, os números voltaram a subir.

De acordo com a associação, que reúne fabricantes de celulares, notebooks, tablets e TVs, o principal item em falta são os componentes eletrônicos importados da Ásia, em razão da corrida global por chips causada pela volta rápida dos pedidos da indústria de bens de consumo com digitalização de negócios e maior procura por aparelhos eletrônicos na pandemia.

Leia mais:

publicidade

Ainda que não tenha sido registrada, até agora, nenhuma paralisação em fábricas de eletroeletrônicos, nove em cada cem empresas tiveram que interromper parte da produção no mês passado. 

Atrasos de produção e entregas relacionados à falta global de semicondutores acontecem em 44% dos fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos.

Entregas fora do prazo desejado, preços altos ou volume inferior ao pretendido

De acordo com reportagem da revista Exame, também há relatos de irregularidade no fornecimento de papelão, materiais plásticos, cobre, alumínio e aço, porém em menor frequência do que nos meses anteriores. De qualquer forma, é observado um alto índice de dificuldade no abastecimento de papelão e materiais plásticos, somando 43% do total.

Entre as fábricas cujos produtos dependem de semicondutores, 22% afirmam que não estão conseguindo encontrar insumos no mercado. Aqueles que conseguem comprar precisam aceitar entregas fora do prazo desejado, preços altos ou volume inferior ao pretendido.

Não há previsão sobre quando tudo voltará ao normal. Diante disso, a indústria, além de renegociar prazos de entrega com clientes, está buscando novos fornecedores. Mesmo assim, há muita dificuldade em encontrar alternativas para contornar o problema, dada a dependência do fornecimento da Ásia, sobretudo de Taiwan, onde estão concentrados os maiores fornecedores de chips.

Nessa situação de escassez de matérias-primas, de aumento nos preços de frete marítimo e aéreo e de desvalorização cambial, a pressão acima do normal exercida pelos preços dos componentes é generalizada. Essa consequência foi citada por 94% da indústria de eletroeletrônicos. É o maior porcentual desde maio de 2010, quando a questão foi introduzida na sondagem da Abinee.

Soma-se, ainda, o risco de restrição no fornecimento de energia, em razão do baixo nível dos reservatórios, quadro que está sendo acompanhado com preocupação por, além de significar um novo gargalo de produção, indicar aumento de preços.

Ainda assim, as perspectivas dos empresários do setor para os próximos meses são positivas, com sinais de melhora da confiança e expectativa de continuidade da recuperação econômica.

Na pesquisa feita pela Abinee em maio, 80% das companhias associadas apontaram negócios dentro ou acima das expectativas. Para 81% delas, haverá crescimento neste ano na comparação com 2020.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!