Astrônomos amadores conseguiram encontrar dois novos planetas gasosos, como parte de um projeto intitulado “Planet Hunters TESS”, realizado pela Nasa, que permite que pessoas comuns auxiliem astrônomos e outros pesquisadores do espaço a identificarem novos corpos celestes.

Os planetas – objetivamente intitulados “B” e “C” – são consideravelmente maiores do que a Terra e trazem movimentação próxima de sua estrela, conhecida como “HD 152843”. Com massa parecida com a do nosso Sol, ela é 1,5 vez maior em tamanho e bem mais brilhante. Ela está a mais ou menos 352 anos luz de distância.

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Ilustração mostra um planeta gasoso de cor amarela à frente do fundo escuro do espaço
Planetas gasosos – ou “gigantes de gás”, como são chamados – são corpos enormes majoritariamente compostos de hélio e hidrogênio: Júpiter e Netuno são dois exemplos em nosso sistema solar. Imagem: AleksandrMorrisovich/Shutterstock

O Planeta B é 3,4 vezes maior do que a Terra – o que o coloca em proporções similares às de Netuno. Ele completa uma volta ao redor de sua estrela em 12 dias terrenos. Já o Planeta C, mais distante, é 5,8 vezes maior do que a nossa casa – um pouco menor do que Saturno, para fins de comparação. Ele completa sua órbita entre 19 e 35 dias terrenos.

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Se estivessem localizados em nosso sistema solar, eles estariam mais perto do Sol do que qualquer um dos nossos planetas: Mercúrio e Vênus, os vizinhos mais próximos de nossa estrela, têm, respectivamente, uma órbita de 88 e 225 dias.

O Projeto Planet Hunters TESS usa dados públicos disponibilizados pelo satélite de mesmo nome, lançado pela Nasa em abril de 2018 e que, até hoje, já identificou mais de 100 exoplanetas, além de outros 2,6 mil candidatos cuja confirmação ainda está pendente.

Como os dados são públicos, qualquer pessoa com algum entendimento de pesquisa astronômica ou cosmologia pode buscar informações e dados que levem à descoberta de novos corpos celestes. Basicamente, o satélite analisa “curvas de luz”, ou seja, o volume de brilho das estrelas que ele consegue enxergar.

Caso alguma dessas curvas de luz mostre uma redução de brilho, isso pode significar que um corpo – como um planeta, por exemplo – tenha passado por sua órbita (um fenômeno chamado “trânsito”).

Se muitas pessoas relatarem eventos de trânsito similares em uma região muito próxima, um algoritmo de inteligência artificial reune essas informações e as envia para a Nasa, para posterior análise.

A visão humana é muito importante aqui, uma vez que sistemas computadorizados autônomos facilmente erram nas identificações – para eles, qualquer evento de trânsito é um planeta em órbita, mas na realidade, esses eventos podem significar muita coisa.

“É por isso que muitos candidatos a exoplanetas são perdidos, e por isso também que a ciência praticada por cidadãos comuns é ótima”, disse Nora Eisner, doutoranda em astrofísica pela Universidade de Oxford no Reino Unido, em um comunicado à CNN.

No exemplo atual, eventos de trânsito relacionados à estrela HD 152843 foram identificados e enviados aos pesquisadores da Nasa, que confirmaram pelo menos dois deles como vindos do Planeta B, e um do Planeta C.

A confirmação de seus status como planetas veio por uma pesquisa subsequente, que empregou o método conhecido como “medida de velocidade radial”, que avalia distorções de luz nas estrelas causadas pelas passagens de planetas em sua trajetória. Agora, os estudos continuam para determinar as massas de cada planeta.

Apesar de já sabermos de suas configurações gasosas e suas temperaturas quentes demais para sustentar a vida, observações futuras do Planeta B e C, a serem feitas pelo telescópio espacial James Webb, vão determinar se eles têm atmosferas próprias e, em caso positivo, de que elas são feitas.

O telescópio espacial James Webb será lançado em outubro de 2021.

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