Um exoplaneta “invadiu” uma observação feita pelo satélite Cheops, da Agência Espacial Europeia (ESA), oferecendo mais detalhes interessantes para um estudo voltado, ironicamente, ao entendimento de exoplanetas.

O satélite Cheops identifica possíveis exoplanetas, estudando seus movimentos no espaço para determinar informações sobre sua rotação, evolução de planetas e outros tópicos de interesse de cientistas.

Na constelação Lupus (“Lobo”), foram identificados uma estrela e três exoplanetas – objetivamente chamados de “A” (a estrela), “b”, “c” e “d” (os planetas).

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Imagem mostra detalhes do exoplaneta "d" e seus dois irmãos, observados por um satélite da ESA
Gráfico mostra detalhes dos três exoplanetas orbitando ao redor da estrela Nu2-Lupi, a cerca de 50 anos luz da Terra. Imagem: ESA/Divulgação

Em um momento de observação dos planetas “b” e “c”, o satélite acabou interferido pelo trânsito de “d”, que fica localizado a uma distância maior da órbita da estrela Nu2-Lupi, o “Sol” daquela constelação.

“O trânsito de sistemas como o da Nu2-Lupi são de extrema importância para a nossa compreensão sobre como planetas se formam e evoluem, já que podemos comparar vários planetas entre si, ao redor da mesma estrela, com alto detalhamento”, disse Laetitia Delrez, pesquisadores da Universidade de Liège, na Bélgica, e autora da nova pesquisa.

A coincidência só foi percebida graças à queda no brilho da estrela Nu2-Lupi – uma consequência direta da passagem de um planeta à sua frente. Como os exoplanetas “b” e “c” não estavam nem próximos disso, a conclusão óbvia foi que “d” entrou em cena de forma inesperada.

Com isso, “d” também pôde ser estudado pelos pesquisadores, que concluíram que ele tem 2,5 vezes o raio da Terra e 8,8 vezes a sua massa, levando 107 dias para completar uma volta ao redor de sua estrela.

A visão de exoplanetas em trânsito é algo relativamente raro, já que eles viajam a uma distância tão grande de suas estrelas que observá-los desta forma é um golpe de sorte.

“O volume de radiação estelar que chega a ‘d’ também é pequeno se comparado aos outros exoplanetas; se estivesse em nosso sistema solar, o ‘d’ estaria orbitando entre Mercúrio e Vênus”, disse o co-autor do estudo e cientista da Universidade de Genebra, Suíça, David Ehrenreich.

“Combinando isso com a sua brilhante estrela, longo período orbital e capacidade de caracterização após sua passagem, esse planeta ‘d’ é bem empolgante — é um objeto excepcional sem nenhum equivalente, e com certeza, uma oportunidade de ouro para os nossos estudos”.

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