O Jornal da Academia Americana de Psiquiatria Infantil e Adolescente relatou efeitos semelhantes em duas formas de intervenção experimentadas com crianças autistas. As terapias foram administradas em períodos de tempo diferentes, mas obtiveram semelhantes resultados. A descoberta amplia as opções de tratamento para as famílias que possuem bebês com diagnóstico de transtorno do espectro autista.

De acordo com a Medical Xpress, 87 famílias inscreveram suas crianças autistas, com idades entre 12 e 30 meses, para o experimento que durou cerca de dois anos. Os bebês foram separados em quatro grupos diferentes para a administração das terapias.

O primeiro grupo foi submetido a 15 horas semanais de um tratamento laboratorial denominado EIBI (Intervenção Precoce Comportamental Intensiva). O segundo recebeu o mesmo tipo de intervenção, porém por 25 horas. Já os grupos três e quatro seguiram períodos de tempo análogos, mas sob efeitos do ESDM (Modelo de Denver de Intervenção Precoce).

Durante o processo, as crianças também receberam as terapias em casa (ou em outros ambientes de cuidado) por uma equipe especializada.

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Os pesquisadores informaram que o diagnóstico das crianças foi realizado no ato da inscrição para o estudo. No entanto, as habilidades com a linguagem expressiva e receptiva, bem como habilidades não-verbais, receberam reavaliações em três momentos diferentes. Eles também mediram até que ponto a aplicação do tratamento foi modificada ao longo do tempo.

Os resultados apontaram que os quatro grupos de crianças autistas obtiveram ganhos significativos na linguagem e nas habilidades não-verbais, bem como ganhos na gravidade dos sintomas da doença.

De acordo com a Dra. Sally Rogers, uma das principais autoras do estudo, os efeitos obtidos devem tranquilizar os pais que não têm acesso ao tipo exato de tratamento ou ao número de horas de tratamento que eles idealmente gostariam que seus bebês recém-diagnosticados recebessem.

Representação gráfica de criança com autismo
Estudo indica que atenção à individualidade das crianças autistas tem mais impacto do que o tipo de intervenção ou o número de horas de terapia. Imagem: Nikosnikossss/Shutterstock

Por que os resultados foram tão semelhantes?

Sabe-se que as duas intervenções experimentadas – ESDM e EIBI – são potencialmente diferentes, mas pontos em comum na condução do processo podem explicar os efeitos similares:

  1. As metas de aprendizagem estabelecidas às crianças abordaram o progresso do desenvolvimento comportamental individual.
  2. Houve revisão, supervisão e treinamento contínuos dos intervencionistas, inclusive com os pais. O fato, permitiu-lhes incorporar o aprendizado da criança às atividades diárias, em casa e nos vários ambientes de convívio.
  3. Foi dada atenção à qualidade da experiência da criança, incluindo um enfoque nas relações positivas com os intervencionistas e na sua capacidade de se envolver em atividades de que gostavam durante as terapias.

Os cientistas observam que há ainda muito para aprender, mas já podem concluir que terapias individuais e contínuas fazem diferença nas intervenções iniciais para crianças autistas, independentemente do estilo de terapia ou intensidade das sessões.

Além disso, o experimento cai por terra a afirmativa, baseada em estudos anteriores, de que a periodicidade é o único fator considerável para a melhora dos sintomas de pequenos autistas.

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