A realme é uma empresa nova no mercado nacional: chegou em novembro passado, já com “uma estratégia de longo prazo para sermos os principais players do Brasil”, segundo Sky Li, seu fundador e CEO. Neste curto período a empresa trouxe para o mercado nacional nada menos do que seis modelos de smartphones, de aparelhos de entrada como o C11 a intermediários premium. E é nesta categoria que se encaixa o lançamento mais recente da empresa, o realme 8 Pro

Não há como negar que o realme 8 Pro é um smartphone bonito. A versão que testei, na cor Infinite Blue, tem uma textura na traseira que lembra vidro jateado, com um azul mais intenso na base que muda para um tom mais prateado no topo.

Também na traseira se destacam o conjunto de quatro câmeras e o lema da empresa, “Dare to Leap” (algo como “Ouse Saltar”) estampado em letras garrafais. Aqui no Brasil, além do azul, o aparelho também está disponível na cor preta.

realme 8 Pro na cor Infinite Blue. O lema da empresa está estampado em letras garrafais na tampa traseira. Imagem: realme

Vale mencionar que o smartphone é entregue com uma película já instalada sobre a tela e há uma capinha transparente na caixa, justamente os dois primeiros acessórios que qualquer um procura ao comprar um smartphone. Além de ajudar a manter o aparelho com aparência de novo, isso ajuda a evitar pequenos danos que podem acontecer com o uso diário. Ponto para a realme.

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A tela Super AMOLED de 6,4 polegadas é muito boa, como é de se esperar desta tecnologia, que tem como principal característica as cores vibrantes e preto profundo. A alta resolução (2400 x 1080 pixels) a torna ideal para assistir conteúdo no YouTube ou seu serviço de streaming favorito.

O que não gostei foi do sensor de impressões digitais que fica debaixo da tela. Ele é do tipo óptico, ou seja, a tela ilumina seu dedo para que uma câmera sob ela possa “fotografar” a impressão digital (por isso o “halo” luminoso durante a leitura) e compará-la com o que está registrado no sistema. 

O problema no realme 8 Pro é que o sensor não só é mais lento que um sensor capacitivo tradicional, levando cerca de 1 segundo para desbloquear a tela, como também é impreciso.

Mesmo tomando todo o cuidado para registrar as impressões digitais de ambos os polegares em todas as posições possíveis, ainda assim os erros de leitura foram frequentes. E depois de quatro tentativas falhas, o sistema te leva para uma tela onde é necessário digitar o código de desbloqueio (PIN).

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Outro ponto que desapontou foi o som do alto-falante integrado. Ele não é ruim, mas o volume é baixo, o que vai incomodar quem gosta de usar o celular como “radinho” para animar o trabalho ou ouvir podcasts enquanto cozinha. Falando em som, o realme 8 Pro tem um conector para fones de ouvido tradicionais, com plugue de 3,5 mm, algo que é cada vez mais raro. 

O principal destaque do realme 8 Pro é seu conjunto de câmeras, alojado em um módulo “estilo iPhone” na traseira. Mais especificamente o sensor principal, com resolução de 108 MP.

Detalhe do conjunto de câmeras do realme 8 Pro. Arranjo “estilo iPhone” e sensor de 108 MP. Imagem: Rafael Rigues / Olhar Digital

Ele é acompanhado por uma lente ultrawide, com sensor de 8 MP, uma lente macro com 2 MP e outro sensor de 2 MP para detecção de profundidade das cenas, usado em recursos como o modo retrato. A câmera frontal tem um sensor de 16 MP.

Por padrão o sensor de 108 MP produz fotos a 12 MP, combinando nove pixels em um arranjo 3 x 3 em um “super pixel” para captar mais luz, o que leva a imagens melhor iluminadas, mais nítidas e com mais detalhes. A qualidade das fotos é muito boa, com uma ressalva: o pós-processamento tende a exagerar a saturação das cores.

Um exemplo extremo disso é a foto abaixo, de meus gatos. Eles são pretos, e embora o pelo tenha um reflexo avermelhado quando eles estão sob a luz do sol, de forma alguma ele é “alaranjado” como na foto.

Meus gatos são pretos. E embora o pelo tenha um tom avermelhado sob o sol, a saturação exagerada na imagem torna ele quase alaranjado.

O zoom de 3x é digno de nota pela qualidade da imagem. Mas não se trata de zoom óptico: a imagem é um recorte (crop) de 12 MP de uma imagem na resolução nativa de 108 MP. Como não há interpolação para aumentar artificialmente a resolução da imagem, como é feito com zoom digital, não há os artefatos e o efeito de “pintura a óleo” comum em imagens interpoladas.

O modo retrato também funciona muito bem, desfocando o fundo sem afetar a imagem da pessoa em primeiro plano. Infelizmente não pude testar um dos recursos mais interessantes, o “Modo Estrelas”, para astrofotografia: nas raras noites com o céu limpo, a poluição luminosa na região onde moro é tanta que mesmo com uma exposição de 5 minutos quase nenhuma estrela aparece na foto.

Além das fotos padrão em 12 MP, o usuário também tem a opção de fotografar nativamente em 108 MP se desejar. Mas não há vantagem nesse modo: além do tamanho dos arquivos subir drasticamente (eles são até 8 vezes maiores que uma foto em 12 MP) a qualidade da imagem cai, com bastante ruído e pouca nitidez. 

Já na gravação de vídeo o realme 8 Pro permite captura em resolução 4K a 30 FPS, embora nesse modo não seja possível usar a lente grande angular. Há estabilização eletrônica de imagem e um modo “IA” que controla automaticamente a exposição, para evitar imagens “lavadas”. 

O desempenho do realme 8 Pro é mais que satisfatório. No modelo que testei o processador Qualcomm Snapdragon 720G é acompanhado por 8 GB de RAM e 128 GB de armazenamento interno, o bastante para as necessidades de um usuário típico. Tudo roda de forma fluida, sem engasgos.

O armazenamento pode ser expandido com cartões microSD, e há um espaço dedicado para eles na bandeja dos SIM Cards. Ou seja, você não precisará escolher entre expandir a memória ou usar duas linhas no aparelho. Falando em SIM Cards, não há suporte a 5G.

O espaço de jogos permite ajustar o desempenho do smartphone, capturar imagens, gravar um vídeo e até responder mensagens sem sair do game. Imagem: Rafael Rigues / Olhar Digital

Processadores “G” da Qualcomm tem recursos otimizados para jogos, e não pude deixar de testar este aspecto. Este não é o aparelho para quem faz questão do máximo de detalhes com o maior número de quadros por segundo (FPS) possível, mas não faz feio se você se contentar com algo mais modesto. Jogos como Bloodstained e Genshin Impact rodam bem na qualidade gráfica média, o suficiente para garantir a diversão.

Falando em jogos, o sistema operacional do realme 8 Pro (Android 11 acompanhado da interface RealUI 2.0) tem um recurso chamado Game Space. É um “lançador” ao qual você pode adicionar os jogos instalados, e que permite definir ajustes individuais para cada jogo como o modo de desempenho.

Enquanto um jogo está rodando é possível abrir um painel, que fica oculto à esquerda da tela, para ativar um “modo imersivo” que desativa notificações e alarmes, para evitar distrações, e também permite capturar a tela, iniciar a gravação de vídeo e até mesmo abrir o WhatsApp em uma janela flutuante para responder mensagens sem sair do jogo.

Autonomia de bateria do realme 8 Pro é impressionante. 42% de carga restantes após sete horas de tela. Imagem: Rafael Rigues / Olhar Digital.

E você vai poder jogar por muito tempo, porque a autonomia da bateria de 4.500 mAh é excelente. É difícil simular o “uso típico” nestes tempos de pandemia, quando a maioria das pessoas raramente sai de casa, mas em um dia de uso tirei ele da tomada às 8 da manhã e usei-o intensamente fora de casa por cerca de 4 horas, além do tempo em casa no resto do dia respondendo a mensagens, navegando ou conversando em redes sociais. Às 22h, após 13 horas e 43 minutos fora da tomada e 7 horas de tela ativa, ele ainda tinha 42% de carga!

E a recarga é rápida, muito rápida, graças ao carregador SuperDart de 60 Watts incluso na embalagem. Para testar este recurso deixei a bateria ir a zero e pluguei o celular ao carregador, monitorando o tempo de recarga. Com 15 minutos na tomada a bateria chegou a 44%. Em 30 minutos estava em 80%, e uma carga completa foi feita em 46 minutos, exatamente como descrito pela fabricante.

Com bom desempenho, longa autonomia de bateria, boa câmera e carregamento super rápido, o realme 8 Pro oferece quase tudo o que o consumidor procura em um smartphone, e é uma ótima opção entre os intermediários premium. O aparelho está disponível no site da fabricante por R$ 2.599, mas já pode ser encontrado por R$ 2.000 em alguns varejistas.

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