Quem nunca teve vislumbres ou até mesmo cenas confusas do dia a dia enquanto dorme, não é mesmo? Mas de onde vem essas informações? E o que seu cérebro faz enquanto seu corpo descansa? Foi com base nessas curiosidades que um grupo de cientistas da Universidade de Genebra (UNIGE), na Suíça, decidiu decodificar a atividade cerebral durante o sono e descobrir o que se passa em nossa mente enquanto dormimos.

“Para descobrir quais regiões do cérebro são ativadas durante o sono e para decifrar como essas regiões nos permitem consolidar nossa memória, desenvolvemos um decodificador capaz de decifrar a atividade do cérebro no sono profundo e a que corresponde “, explicou Virginie Sterpenich, investigadora principal do estudo.” Em particular, queríamos ver qual extensão as emoções positivas desempenham neste processo. “

Sabemos que a hora do sono desempenha um papel importante na formação das memórias e também no controle emocional. O cérebro reconstrói o dia a dia e usa o período da noite – enquanto dormimos de forma profunda – para separar as milhares de informações que absorvemos durante o dia e é nesta hora que ele retem apenas as memórias que julga mais úteis.

O processo acontece devido a comunicação de regiões no cérebro. O hipocampo – que armazena eventos recentes – envia ao córtex cerebral as informações que armazenou durante o dia e começa a “revisar” tudo o que aconteceu, reforçando assim o diálogo entre os neurônios.

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Funções do cérebro podem ser afetadas pela covid-19
O que o cérebro pensa enquanto dormimos? Estudo relaciona processo de memórias a recompensas; entenda. Imagem: Naeblys/Shutterstock

Para classificar o que é útil ou não a mente se baseia naquilo que está associado a recompensas e, segundo dados da pesquisa, o cérebro prioriza o que traz benefícios emocionais, tornando então a informação uma memória de longo prazo em nossa mente.

Métodos e resultados

De acordo com o Medical Xpress, para realizar o experimento a equipe combinou ressonância magnética, eletroencefalografia e inteligência artificial (IA) em voluntários que foram colocados para passar a noite jogando videogame com jogos específicos que ajudassem o cérebro a associar o jogo a emoção positiva.

Em seguida, os participantes foram colocados em máquinas de ressonância magnética enquanto dormiam para que o sono fosse monitorado.

“Combinamos EEG, que mede os estados de sono, e ressonância magnética funcional, que tira uma foto da atividade cerebral a cada dois segundos, e então usamos um ‘decodificador neuronal’ para determinar se a atividade cerebral observada durante o período de jogo reaparecia espontaneamente durante o sono”, disse a professora Sophie Schwartz.

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Ao comparar as imagens do cérebro durante o jogo e durante o sono, os pesquisadores notaram padrões de ativação semelhantes que repetiam apenas partes dos jogos que os voluntários venceram.

“Muito claramente o cérebro reviveu o jogo ganho e não o jogo perdido ao reativar as regiões usadas durante a vigília. Assim que você vai dormir, a atividade cerebral muda. Gradualmente, nossos voluntários começaram a ‘pensar’ nos dois jogos novamente, e quase exclusivamente sobre o jogo que ganharam quando entraram em um sono profundo “, contou Sterpenich.

A equipe também testou a memória dos voluntários dois dias após o jogo e, quanto mais o cérebro ativava as cenas do jogo durante o sono, melhor era o desempenho da memória, relacionando a emoção positiva do jogo com recompensas, as quais o cérebro dá preferência e é maior ativada quando dormimos.

O estudo, publicado no jornal Nature Communications, desvenda mais um tópico sobre o mistério que é a forma de trabalhar da mente e também abre novas perspectivas sobre o cérebro durante o sono.

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