Mais uma para a conta do aquecimento global: por toda a região que contempla o Oregon e a Califórnia, nos EUA, filhotes de falcão estão pulando de seus ninhos antes de aprenderem a voar, numa tentativa de escapar do calor intenso, de acordo com diversos cientistas e especialistas em conservação animal.
O problema não é exclusivo dos falcões, embora esta pareça ser a espécie mais reincidente. O volume de incidentes vem deixando entidades de conservação preocupadas.
Uma delas, falando ao Washington Post, disse que registrou o equivalente a “três meses” de mortes de pássaros em três dias, referindo-se à quantidade de animais mortos pela queda ou que tiveram que passar por eutanásia por causa dela.
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A região citada vem sendo acometida por ondas fortes de calor, incêndios florestais e até mesmo uma tempestade de gelo — sinal de uma mudança no curso e volume naturais de eventos climáticos extremos. De acordo com Bob Sallinger, diretor de conservação da Portland Audubon, essas situações deveriam servir de alerta para as pessoas:
“Eu acho que esses eventos, na verdade, servem como um despertar”, disse ele ao Washington Post. “O aquecimento global está entre nós, e os impactos que ele traz estão cada vez mais evidentes”.
Ele ainda completou, dizendo que “o mais assustador, para mim, na qualidade de alguém que vem trabalhando com a conservação de pássaros há décadas, é o fato de que esses eventos anormais estão se tornando mais e mais comuns. Eles ocorrem em um ritmo acelerado. E ninguém compreende por completo os resultados disso”.
No céu e no mar
Além dos pássaros, o ambiente marinho também vem enfrentando problemas similares: na região noroeste do Oceano Pacífico, cientistas identificaram mais de um bilhão de criaturas marítimas mortas em decorrência de ondas incomuns de calor. A área contempla o litoral dos Estados Unidos e parte da região costeira do Canadá.
Segundo especialistas que falaram ao New York Times, as cenas são incômodas até para os mais experientes no campo: mexilhões “cozidos” dentro de suas conchas, estrelas do mar completamente desidratadas e cardumes inteiros de salmões com dificuldade de nadar, ou morrendo, em águas de rios mais quentes que o normal.
“Parece até uma cena daqueles filmes pós-apocalípticos”, disse Christopher Harley, biólogo marinho da Universidade da Colúmbia Britânica, ao jornal.
A situação é corroborada por experts da Universidade de Queensland, na Austrália, que citam um evento ocorrido há milhões de anos, quando espécies marítimas de todo tipo passaram a evitar os mares da região da linha do Equador: “quando a mesma coisa aconteceu há 252 milhões de anos, 90% de todas as espécies marinhas morreram”, disseram os especialistas.
Todos eles concordam que, espécie por espécie, os números podem até ser baixos, mas o problema, na verdade, contempla todos em algum grau: a progressão do calor fora de época nos EUA penetrou a temporada de reprodução de diversos animais – além dos já citados falcões, lebres-assobiadoras e alguns tipos de sapos também podem ser afetados.
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