A empresa japonesa Shionogi & Co. está desenvolvendo uma pílula contra a Covid-19, confirmando já ter, inclusive, iniciado testes humanos do medicamento. Com isso, a companhia torna-se a terceira marca a confirmar a produção de um medicamento oral contra o novo coronavírus – além dela, a norte-americana Pfizer e a alemã Merck também estão pesquisando medicamentos do tipo.

De acordo com informações do Wall Street Journal, a Shionogi promete que sua pílula contra a Covid-19, se tomada uma vez por dia, deve eliminar o coronavírus (Sars-Cov-2) do corpo em uma semana ou menos. A empresa é mundialmente conhecida por ter criado o medicamento “Crestor”, que combate o colesterol. Vale lembrar, porém, que os testes da nova droga começaram no início de julho e devem seguir neste formato até 2022.

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Imagem mostra o Doutor Isao Teshirogi, CEO da empresa japonesa Shionogi, que está testando uma pílula contra a Covid-19 em humanos.
Isao Teshirogi, CEO da farmacêutica japonesa Shionogi, confirmou que sua empresa está testando em humanos uma nova droga para combater a Covid-19. Imagem: Reuters/Reprodução

Um medicamento introduzido por via oral pode tratar de um dos maiores problemas em relação à atual pandemia: ainda que, junto de práticas de higienização, máscaras e distanciamento social, as vacinas sejam a atual e mais segura via de proteção contra a Covid-19, muitas pessoas em muitos países ainda recusam-se a tomá-las, por motivos que vão desde incompatibilidade clínica (possíveis efeitos colaterais ou algum tipo de restrição) até teorias de conspiração sem fundamento.

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A ideia para as três empresas é a de oferecer uma droga que possa ser tomada em casa, enquanto um caso confirmado de Covid-19 apresente sintomas leves ou moderados – em outras palavras, ela não serviria como um tratamento precoce. “O nosso objetivo é o de [criar] um composto oral muito seguro, assim como o Tamiflu ou Xofluza”, disse Isao Teshirogi, CEO da Shionogi, em referência aos medicamentos do vírus “influenza” causador da gripe.

O executivo ainda afirmou que a Shionogi deve recrutar de 50 a 100 voluntários para testes no Japão. Para o ano que vem, a ideia é ampliar esses testes ao executar a fase de avaliação em grupos – uma parcela dos voluntários recebe o medicamento, a outra recebe um placebo, para fins de controle dos possíveis efeitos.

Assim como o medicamento testado pela Pfizer, a droga da Shionogi age ao inibir a reprodução de uma enzima chamada “protease”, necessária para que um vírus consiga se multiplicar nas células humanas. Esse método é aplicado em uma boa gama de infecções – incluindo testes contra o HIV. Entretanto, a resistência do vírus ao medicamento é apenas um dos obstáculos.

Isso porque, segundo especialistas ouvidos pelo WSJ, testes humanos de medicamentos do tipo pendem para uma alta taxa de falha. Uma simples dor de cabeça já poderia ser suficiente para invalidar resultados e impedir um paciente de tomá-los. Mais além, a Shionogi não informou se a droga seria capaz de reduzir ou eliminar efeitos causados pela Covid-19, como baixo teor de oxigênio, comprometimento pulmonar e outros problemas.

A Shionogi, porém, parece confiante: Teshirogi, que tem formação em medicina, disse que resultados preliminares de pesquisa indicam que o coronavírus não tem uma capacidade muito veloz de mutação que o faria resistir à droga testada. A intenção da empresa é, caso a droga se prove eficaz, licenciá-la para distribuição global, assim como ela fez com o Crestor – licenciado na Europa pela AstraZeneca.

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