Os fãs dos Beatles que estão curtindo o som surround da tecnologia Dolby Atmos da mixagem de ‘Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band‘ em streamings como Apple Music e Amazon Music HD não devem se apegar demais a essa versão de áudio espacial do clássico disco, lançado em 1967. De acordo com Giles Martin, responsável pelo projeto e filho do produtor original do álbum George Martin, a nova versão não está adequada.

Segundo o vencedor de dois Grammys, ele planeja refazer e substituir a edição atual até a metade do segundo semestre deste ano. “Na verdade, vou mudar isso,” disse em entrevista à revista Rolling Stone. “[A mixagem] está boa, mas não está certa… Não parece muito certo para mim”.

Para quem não sabe, o áudio espacial é um estilo de mixagem que inclui rastreamento dinâmico de cabeça. Ou seja, com esse tipo de tecnologia, a pessoa que está escutando a música ouve os canais do som surround nos locais certos, mesmo ao virar ou mover o corpo. Desde meados da década passada, Martin é o responsável por supervisionar os remixes e reedições dos clássicos dos Beatles em formato estéreo e surround.

A icônica fotografia dos Beatles na Abbey Road, Imagem: Divulgação/Iain MacMillan
A icônica fotografia dos Beatles na Abbey Road, Imagem: Divulgação/Iain MacMillan

O mix atual de ‘Sgt. Pepper’s’ com Dolby Atmos foi criado para coincidir com o 50º aniversário no álbum, em 2017. Na época, a nova versão foi projetada para ser tocada em uma série de eventos de audição ao vivo (as famosas listening parties) apenas em cinemas que dispunham da tecnologia. No entanto, atualmente, o disco está disponível por meio de serviços de streaming e, obviamente, as pessoas estão ouvindo em salas menores ou com fones de ouvido.

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Porém, uma mixagem destinada aos cinemas não necessariamente ficará perfeita em fones de ouvido ou até mesmo com excelentes sistemas de home theater. Logo, Martin pretende refazê-la “no que chamamos de Dolby Atmos perto de campo, o qual é destinado para consumidores, o oposto do Dolby Atmos do cinema.”

O produto explicou à revista que acha a mixagem nas plataformas “pouco brilhante e pouco digital”, apontado “que falta um pouco de baixo e um pouco de peso atrás”. No entanto, ele concorda que o projeto de remixagem dos álbuns dos Beatles já trouxeram duas felicidades: a primeira é a versão de outro disco dos Beatles disponível em Atmos, o ‘Abbey Road‘, a qual afirma que “funcionou muito melhor como uma mixagem do Atmos, porque é muito próxima a mixagem estéreo, sonoramente”.  

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A segunda alegria é o fato do trabalho de ‘Sgt. Pepper’s’ ter sido a primeira obra da banda inglesa a ser mixada em Dolby Atmos. “Gosto da ideia de os Beatles serem os primeiros a fazer algo. É legal que eles, nos dias de hoje, ainda podem ser os primeiros a fazer algo”, declarou Martin.

Na entrevista completa com a Rolling Stone sobre os Beatles e o áudio espacial, o produtor ainda revelou como espera que o software de separação de fontes da Abbey Road Studios – tecnologia que permite aos engenheiros derivar faixas separadas e prontas para remix de gravações antigas que podem ter baixo, bateria e guitarra em uma única faixa – melhore o suficiente para poder um dia fazer o mesmo, e “de forma perfeita”, com outro álbum da banda, o ‘Rubber Soul’.

“Acho que o áudio envolvente deve ser uma expansão do campo estéreo, de certa forma. Gosto da ideia de um disco de vinil ‘derreter’ e você cair nessa”, concluiu Martin sobre a filosofia geral para mixagens de som surround.

Fonte: The Verge

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