Um painel internacional formado por cientistas ambientais afirmou que a Amazônia caminha em direção à “transformação ecológica em larga escala”, segundo documentos obtidos pela coluna de Jamil Chade, do UOL. Segundo as informações, a situação é grave e, se continuada, os experts dizem que a região ficará parecida com uma savana ou zona de pastagem.
A conclusão vem do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que aponta como causas da situação o aquecimento global, as práticas de desmatamento sem restrição e eventos naturais como incêndios florestais. Os documentos serão divulgados na próxima semana como base para estudos que comprovem a gravidade do caso.
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“A floresta amazônica como um repositório de biodiversidade, está ameaçada pela relação entre as mudanças no uso da terra e as mudanças climáticas, que poderia levar a uma transformação ecológica em larga escala e a mudanças biológicas a partir de um floresta úmida em floresta seca e pastagens, reduzindo a produtividade e o armazenamento de carbono”, dizem os documentos.
O IPCC é uma das autoridades mais respeitadas dos assuntos ambientais, tendo assumido essa posição após levar o Prêmio Nobel da Paz de 2007, “pelos seus esforços na construção e disseminação de amplo conhecimento sobre a mudança climática causada pelo homem, bem como criar a fundação para as medidas necessárias para contra-atacar tal mudança”, de acordo com o resumo da página oficial do prêmio.
Os cientistas que atuaram na criação dos documentos e suas conclusões referem-se à Amazônia como “um caso de ponto de ruptura”: “Eventos extremos mais frequentes e intensos, adicionais às tendências climáticas progressivas, estão empurrando mais ecossistemas para pontos de ruptura além dos quais mudanças abruptas ou transições para um estado degradado ou totalmente diferente podem ocorrer”, diz um trecho. “Os efeitos combinados e interativos entre mudança climática, desmatamento e incêndios florestais são projetados para levar a mais de 60% de redução de área coberta até 2050”.
O caminho para a Amazônia evitar a transformação ecológica
Nos mesmos documentos obtidos pelo UOL, o IPCC aponta recomendações justamente para evitar que a situação já crítica se torne ainda pior. O principal caminho, segundo o painel, é a preservação de sistemas naturais ainda intocados e a restauração de ambientes afetados:
“Há evidências crescentes de que a preservação de ambientes como florestas, pântanos ou zonas úmidas, mantém e reconstrói a resiliência e é uma chave de adaptação e mitigação eficaz, e da conservação da biodiversidade”, diz um trecho.
Outra sugestão é a de buscar conhecimento entre os povos indígenas que vivem nas regiões mencionadas, justamente para que a contribuição com a população local faça com que práticas sustentáveis de uso da natureza prevaleçam sobre ações predatórias.

“O conhecimento local pode fornecer estratégias cruciais de adaptação para alimentos, fibras, ecossistemas florestais e manejados em risco devido à mudança climática. Povos Indígenas desenvolveram sofisticados conhecimentos de adaptação baseados em ecossistemas a partir da vida em florestas tropicais e podem desempenhar um papel fundamental em apoio ao provisionamento e serviços culturais ecossistêmicos nesses ambientes”.
Finalmente, o IPCC afirma que os supostos custos elevados de preservação – um argumento comum entre detratores de práticas ambientais sustentáveis – não é razão para evitar a tomada de ações: “os benefícios das intervenções de adaptação muitas vezes compensam os custos. Existem oportunidades para que os países tropicais criem novos mercados potenciais de serviços ambientais para ações climáticas, como o gerenciamento do armazenamento de carbono e refúgios de biodiversidade nas florestas, com os benefícios das intervenções de adaptação superando os custos”.
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