Recém-lançado para o Nintendo Switch, Dariusburst: Another Chronicle EX+ é um jogo que tem um histórico um tanto confuso. Ele é uma versão doméstica de Dariusburst: Another Chronicle EX, lançado nos arcades no Japão em 2011, que por sua vez é baseado em Dariusburst, lançado para o Playstation Portable (PSP) em 2009.

O jogo é um “shoot ‘em up” (shmup) parte da série Darius, que nasceu nos arcades em 1987 e que ao longo dos anos ganhou sequências nas “máquinas de fliperama” e consoles domésticos como o Mega Drive, SNES, Sega Saturn e PlayStation.

A série é conhecida por seus imensos inimigos com tema aquático, como peixes, crustáceos e moluscos robotizados e armados até os dentes, pela cativante trilha sonora da banda interna da Taito, a Zuntata, e por seus gabinetes enormes, que usam múltiplos monitores lado-a-lado para criar um imenso campo de jogo. E, para o bem ou para o mal, tudo isso está presente em Dariusburst: Another Chronicle EX+

Nos Arcades, a série Darius é conhecida por seues gabinetes imensos com telas ultra-widescreen. Imagem: Siliconera

Há quatro modos de jogo. Original tem 12 zonas, nomeadas de A a L, nas dificuldades Easy, Normal ou Hard. No modo Original EX são mais 12 zonas, nomeadas de O a Z, nas dificuldades Expert, Extreme e Exceed. Estes seguem a jogabilidade clássica da série: você vence uma fase e, ao final dela, pode escolher uma de outras duas para seguir o caminho.

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No Chronicle Mode você escolhe um “sistema estelar” e pode realizar várias missões dentro dele para “libertá-lo”. Estas missões têm regras: em algumas o equipamento (nave) é fixo, em outras não há itens, há algumas exclusivas para 2 jogadores, etc. Por fim, há o modo Event, que permite jogar “eventos especiais” que no arcade estavam disponíveis por tempo limitado. 

Não importa o modo, a experiência de jogo é a mesma: você, em sua espaçonave Silver Hawk, deve enfrentar hordas de inimigos robóticos e, ao final de cada fase, as gigantescas máquinas de guerra do império Belser. Vários “modelos” de Silver Hawk estão disponíveis, incluindo os de jogos anteriores como G-Darius e Darius II, cada uma com armamento próprio. Os controles são simples: um botão para tiro, outro para disparar uma bomba ou arma especial.

Em alguns momentos, a ação em Dariusburst: Another Chronicle EX+ fica bem frenética. Imagem: Rafael Rigues / Olhar Digital
Em alguns momentos, a ação em Dariusburst: Another Chronicle EX+ fica bem frenética. Imagem: Rafael Rigues / Olhar Digital

Darius não é forma alguma um “bullet hell”, mas em alguns momentos a quantidade de inimigos e tiros na tela chega a ser assustadora. Quem não tem muita intimidade com esse tipo de jogo pode optar por um modo chamado “Infinite Ships”, onde o número de naves é ilimitado e você, basicamente, tem garantia de chegar ao final do jogo. Mas nesse modo, seu score não será computado no ranking global.

Infelizmente, falta ao jogo o “capricho” típico das versões (ports) de arcade feitos por empresas como a japonesa M2, que vai além do dever e entrega toneladas de extras para dar aos jogadores a “experiência definitiva” com um jogo.

Um exemplo é a interface confusa: em alguns momentos aparece na tela a mensagem “Press Start”. Você aperta o botão + e… nada. Isso porque os desenvolvedores, contrariando quase todos os outros jogos para o Switch, decidiram mapear o Start no botão X. Em vez de colocá-lo no local certo, preferiram colocar uma mensagem no rodapé da tela dizendo “X:Start”.

Outro exemplo de confusão: no menu de opções há um item chamado “Cabinet Select”. Nela, você verá opções como “Cabinet:0057”, “Cabinet:0058”, etc. Em nenhum momento o jogo explica para quê elas servem, e o que são os “gabinetes”.

Pelo que entendi, esta opção é relacionada ao multiplayer: seria uma tentativa de replicar a experiência de jogo nos gabinetes de arcade, que tem controles para até 4 jogadores. Mas em nenhuma partida consegui descobrir como fazer outros jogadores se juntarem à minha “esquadra”.

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Também não há extras como bordas para decorar a tela, galerias de arte, entrevistas com desenvolvedores ou filtros para simular a imagem de um monitor de arcade. E aqui está o outro grande pecado do jogo: por padrão, ele roda em modo ultra-widescreen, com a imagem “espremida” no centro da tela e imensas bordas pretas acima e abaixo dela.

Isso é feito para reproduzir a proporção de tela do arcade, que usa dois monitores widescreen de 32″ lado a lado. É algo que não funciona muito bem no Switch, especialmente no modo portátil ou na tela menor do Switch Lite. Sua nave, tiros inimigos, power-ups… tudo fica muito pequeno.

É possível dar “zoom” e preencher a tela apertando ZL, mas com isso você verá apenas parte da imagem, e fica impossível reagir a inimigos ou obstáculos que estão fora de seu campo de visão. É como se você jogasse com um pedaço de papelão tapando metade da tela do seu monitor.

Acima, Dariusburst: Another Chronicle EX+ rodando no modo de tela nativo. Abaixo, com "zoom" que infelizmente corta metade da imagem. Imagem: Rafael Rigues / Olhar Digital
Acima, Dariusburst: Another Chronicle EX+ rodando no modo de tela nativo. Abaixo, com “zoom” que infelizmente corta metade da imagem. Imagem: Rafael Rigues / Olhar Digital

O mais irritante é que esse problema não existe em outras versões do jogo, como Dariusburst SP no Android e iOS, feitas considerando a proporção de tela de um smartphone típico. Ou Dariusburst Chronicle Saviours, para PC, PS4 e PSVita, que pelo menos têm um modo “CS” com estágios adaptados para uma tela única.

Como disse, faltou um cuidado extra em Dariusburst: Another Chronicle EX+. Fãs da série, ou de jogos de nave em geral, irão se divertir e encontrar bastante desafio. Mas só posso recomendar o jogo se você estiver disposto a jogar em um Switch ligado à TV. Ou se, por acaso, tiver uma lente de aumento à mão.

Dariusburst: Another Chronicle EX+ está disponível em versões para Nintendo Switch e PlayStation 4, tanto via download na Nintendo eShop ou PlayStsation Store quanto em cópias físicas. Testamos a versão digital para o Nintendo Switch, com código cedido pela Inin Games.

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