Um novo estudo mostra que o aquecimento global está afetando a capacidade de sobrevivência de sardinhas, arenques e outras espécies comuns de peixe, ao ponto de, possivelmente, esse problema levá-las à extinção.

A pesquisa, conduzida pela Universidade Britânica de Reading e publicada na Nature Climate Change, afirma que, devido ao aumento de temperatura das águas não apenas constante, mas cada vez mais rápido, peixes menores não estão conseguindo se adaptar o suficiente para contemplar as alterações climáticas.

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Foto mostra vários areques dispostos em uma mesa: aquecimento global está afetando a sobrevivência de espécies comuns de peixes, o que pode atrapalhar nossa segurança alimentar
Os arenques são peixes bastante comuns na culinária mundial, uma vez que estão disponíveis em várias regiões, mas o aquecimento global pode reduzir drasticamente seus números, levando-os até mesmo à extinção. Imagem: Ingrid Maasik/Shutterstock

O resultado disso é um cenário duplamente ruim: peixes em águas aquecidas terão seus tamanhos reduzidos, e sua mobilidade comprometida os impedirá de sair em busca de ambientes mais amenos e propícios ao desenvolvimento.

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“A nossa pesquisa dá suporte à teoria de que os peixes vão encolher sob o aquecimento global, mas revelam notícias preocupantes já que eles não poderão evoluir de forma eficiente para suportar esse impacto como se pensava antes”, disse Chris Venditti, um biólogo evolucionário da Universidade de Reading. “Com as temperaturas marítimas aumentando mais rápido do que nunca por causa do aquecimento global, espécies comuns de peixes ficarão para trás em termos de evolução, lutando para sobreviver”.

A consequência mais óbvia disso é o impacto que a redução dessas espécies terá para nós, humanos. Sardinhas e arenques — os exemplos que usamos mais acima — são peças importantes da economia de vários países: os arenques estão entre os mais procurados da região escandinava e os EUA os recomendam como a opção mais ecológica para a alimentação. As sardinhas correspondem a algo entre 80% e 90% da economia litorânea de Santa Catarina, segundo um levantamento publicado no UOL.

“Isso tudo traz implicações seríssimas para a nossa segurança alimentar, já que muitas das espécies de peixe que comemos podem ficar cada vez mais raras ou mesmo deixarem de existir em questão de décadas”, disse Venditti.

O estudo usou dados estatísticos de uma grande quantidade de peixes presentes por todo o planeta, estudando a evolução das espécies em um período de 150 milhões de anos. A conclusão é a de que, nos tempos mais recentes, a flutuação de temperatura trouxe mais impacto à evolução dessas espécies.

A pesquisa se concentrou nos peixes culpeiformes — nome atribuído às sardinhas, arenques, anchovas, tilápias e outros peixes comuns, mas os dados são conclusivos para qualquer espécie, segundo Venditti. A conclusão é: peixes tendem a se mover menos e reduzir seus tamanhos conforme a água fica mais quente, pois seu metabolismo acelera, exigindo mais oxigênio para manter suas funções corporais. Mas o movimento reduzido faz com que eles não consigam buscar ambientes mais amenos, entrando em um ciclo de redução cada vez mais incisivo.

Peixes grandes também são afetados por isso, porém em menor grau, já que eles conseguem viajar maiores distâncias com mais reservas de energia.

As conclusões do estudo somam a outro problema — a pesca predatória, que também contribui para a redução de espécies tanto em tamanho como em volume.

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