O presidente da Rússia, Vladimir Putin, esteve recentemente em uma exibição de artigos militares para conhecer um novo avião de caça que promete rivalizar com o que há de mais avançado na Força Aérea dos EUA. Chamada de Sukhoi SU-75 (ou “LTS”, de Legkiy Takticheskiy Samolet, Aeronave Tática Leve) “Checkmate”, a aeronave russa traz tecnologias avançadas de camuflagem contra radares — algo presente apenas no F-35, construído para o governo dos EUA pela Lockheed Martin e, atualmente, o avião mais sofisticado a serviço dos norte-americanos.
Segundo informações do Wall Street Journal, o Checkmate é a resposta russa para a alta demanda internacional pelo caça norte-americano: países como Japão e Israel receberam o F-35, ao passo que a Rússia pretende oferecer o seu caça a nações como Emirados Árabes, Argentina, Índia e Vietnã. Vale lembrar que esses países ainda não confirmaram intenções de compra e mantém relações diplomáticas com os EUA.
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“Não há necessidade de procurar por alguma agenda geopolítica em relação ao nosso novo caça tático”, disse Sergei Chemezov, diretor geral da Rostec, o conglomerado de defesa da Rússia. “O motivo é, na verdade, bem mais simples: temos visto uma alta natural na demanda por esse tipo de aeronave no atual setor militar”.
Segundo o diretor, o Checkmate vem para suprir a demanda por caças mais avançados, mas atendendo a países que não podem pagar o preço do F-35, que hoje é vendido por até US$ 120 milhões (R$ 624,73 milhões) por avião. O caça russo terá um valor quatro vezes menor, sendo oferecido ao mercado internacional por aproximadamente US$ 30 milhões (R$ 156,18 milhões).
Entretanto, nem tudo é boa notícia para o avião russo: o protótipo avaliado por Putin recentemente é apenas isso — um modelo estático, incapaz de voar — e o LTS Checkmate ainda está a dois anos de seu voo inaugural. De acordo com o jornal, o governo da Rússia não ofereceu financiamento público para a continuidade do projeto, que hoje se mantém por meio de encomendas de clientes na iniciativa privada.
Em outras palavras: para que o desenvolvimento do Checkmate continue, alguns países precisam comprar o Checkmate.
Enquanto isso, a Lockheed Martin, fabricante do F-35, rechaçou qualquer competitividade militar: “seguimos confiantes de que o F-35 continuará servindo como a espinha dorsal das forças aéreas aliadas, com mais de 200 aviões já entregues a nossos parceiros internacionais”, disse um porta-voz da empresa.
O F-35 começou seu serviço em 2015, com previsão de permanência em serviço até 2077. Outros projetos de aviação militar estão em desenvolvimento junto à Força Aérea dos EUA, porém, atualmente ele é tido como o caça monomotor mais avançado do mundo.
Uma das vantagens de aviões militares de motor único é o seu custo de desenvolvimento, além de tornar mais difícil sua detecção por radares inimigos. Aviões bimotores — como o F-15EX da Boeing — tendem a ser mais velozes e mais poderosos, mas geralmente são detectados com maior antecedência por tecnologias de monitoramento.
A disponibilidade do Checkmate também estabelece uma possibilidade de mudança política, apesar das palavras do diretor Chemezov: isso porque, desde 2018, os EUA e os Emirados Árabes estavam em conversas de compra e venda dos F-35. Esse acordo foi firmado pelo ex-presidente Donald Trump e, após revisão, mantido pelo atual presidente Joe Biden.
Entretanto, a aproximação entre os Emirados Árabes e a China — uma aliada russa — vem dando mais voz a críticos do acordo na América do Norte. Se essas críticas avançarem a uma nova revisão de oferta militar, os árabes podem ver no caça russo uma opção igualmente viável — e mais barata.
Em 2017, o mesmo Chemezov anunciou uma parceria dos governos russo e árabe para o desenvolvimento de um caça ultraleve monomotor, mas não confirmou se o LTS Checkmate é o fruto desse acordo ou se trata-se de um projeto paralelo.
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