A Nasa divulgou, por meio de uma postagem em seu blog oficial, um “plano B” para coletar amostras do solo de Marte com o rover Perseverance. Vamos falar um pouco sobre o “tecniquês” da ideia da agência espacial norte-americana, mas já adiantamos que ele se resume a “caçar todo tipo de pedra”.

No começo de agosto, o Perseverance sinalizou a coleta da primeira amostra do solo marciano. A Nasa celebrou antes da hora, porém, já que o tubo de ensaio se mostrou vazio. Após investigação remota, a agência determinou que a pedra escavada (apelidada “Roubion”) se esfarelou durante a perfuração, devido à sua suposta fragilidade.

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Imagem tirada pelo rover Perseverance após a falha na extração de amostras do solo de Marte, exibindo os buracos perfurados pelo veículo de exploração da Nasa
Imagem da perfuração feita pelo rover Perseverance, em Marte: coleta de pedra antiga resultou em falha, mas Nasa tem plano B. Imagem: NASA/JPL-Caltech/MSSS/Divulgação

Por isso, Kenneth Farley, um dos cientistas do projeto Perseverance na Caltech, disse na postagem, que “[nosso] time então mudou seu foco para ‘pedras o mais diferente possíveis’, a fim de nos ajudar a testar a ideia de que a Roubion era apenas uma pedra mal comportada”.

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“Nosso primeiro alvo (…) foi uma pedra achatada de formato poligonal, como muitas que vimos ao longo do trajeto do rover”, diz trecho do texto. “Essas ‘pedras de pavimentação’ são muito importantes pois, entre outras coisas, essas áreas geológicas [onde elas são localizadas] podem conter as mais velhas rochas que podemos encontrar na cratera [Jezero, onde o Perseverance está trabalhando] — algo essencial para quando tentarmos recriar a história geológica da região”.

A missão do rover Perseverance é teoricamente simples: rodar pela Cratera Jezero em busca de sinais de vida antiga em Marte. A região já foi, há centenas de milhões de anos, uma imensa bacia hidrográfica que guardava quantidades absurdas de água, mas o afinamento da atmosfera deixou Marte cada vez mais vulnerável à radiação solar, efetivamente secando o planeta inteiro até ele adquirir a paisagem desértica que conhecemos hoje.

Ainda que “sinais de vida” seja ao mesmo tempo algo abrangente e extremamente difícil, uma análise geológica das pedras coletadas pode ajudar a Nasa a estabelecer um histórico climático, entendendo o ambiente de antigamente em Marte, e em que ponto ele mudou para o que é hoje.

Assim sendo, agora o Perseverance se dirige para uma área da cratera nomeada “Citadela”, constituída de rochas (tomara!) mais resistentes do que as sedimentações mais finas da região onde estava a Roubion.

Mais além, Farley afirma que parte do plano original era fazer o rover voltar pelo caminho de onde veio — inevitavelmente cruzando com outras amostras de pedras da Roubion, abrindo caminho para que novas tentativas de coleta sejam feitas. Antes disso, porém, o robô segue em direção ao que era o delta da bacia hidrográfica marciana, o que a Nasa acredita ser a área mais promissora para a obtenção de resultados da missão Perseverance.

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