Um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no periódico internacional Molecular Psychiatry, do grupo Nature pode ajudar na compreensão da neurobiologia dos transtornos psiquiátricos que envolvem ansiedade e medo. Segundo os pesquisadores, os resultados representam um potencial terapêutico para o tratamento de ansiedade, estresse pós-traumático e a síndrome do pânico.

O artigo é assinado por 14 cientistas e a primeira autora Cristiane Ribeiro de Carvalho atualmente desenvolve sua pesquisa de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Neurociências. O estudo foi realizado pelo grupo de pesquisa coordenado pelo professor Roger Walz, vinculado ao Departamento de Clínica Médica do Centro de Ciências da Saúde (CCS), que conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). 

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Os pesquisadores estudaram a relação dessas proteínas em amostras de tecido cerebral obtidas durante a cirurgia de epilepsia do lobo temporal. Segundo o professor Roger Walz, esta foi a “grande sacada” do estudo, uma vez que as regiões que precisam ser removidas cirurgicamente para o controle das crises epilépticas estão envolvidas com o processamento de emoções como ansiedade e medo.

A triagem revelou uma forte correlação entre os níveis de ansiedade dos pacientes e a quantidade de uma dessas proteínas quinases detectada apenas na amígdala, estrutura do sistema límbico cerebral, sabidamente envolvida no processamento das emoções. O estudo mostrou que quanto maior o nível de ansiedade, menor o conteúdo desse biomarcador.

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Mulher estressada
Estresse Créditos: Shutterstock

Os estados de ansiedade e medo podem ser estudados em cobaias de laboratório através da análise de comportamentos inato e aprendido dos animais. O primeiro teste envolve uma situação de conflito do tipo aproximação-esquiva (evitação), enquanto o segundo consiste em uma tarefa onde o animal aprende a antecipar uma resposta de defesa aprendida (comportamento de congelamento) perante uma ameaça iminente (choque nas patas).

Assim como observado nas amostras dos pacientes, o estudo revelou uma forte correlação entre a quantidade do biomarcador na região da amígdala e as diferentes medidas de comportamento do tipo ansiedade em ratos. Para comprovar a relação de causa e efeito dessa associação, o grupo demonstrou que a inibição farmacológica não afetou o comportamento de ansiedade inato, por outro lado, prejudicou a expressão do comportamento de ansiedade.

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Os resultados indicam que o biomarcador na amígdala é capaz de predizer os sintomas de ansiedade dos pacientes. Além disso, a pesquisa sugere que a modulação da via da proteína pode representar um potencial alvo terapêutico para o tratamento de transtornos psiquiátricos altamente prevalentes como ansiedade, estresse pós-traumático e a síndrome do pânico.

Fonte: UFSC

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